Segundo imagens transmitidas pela televisão russa, Putin, envergando uma bata branca, conversou com vários militares, inquirindo sobre as respetivas terras natais e situação familiar. Os soldados estavam de pé perto das suas camas e os seus ferimentos não eram visíveis.
Dirigindo-se a um deles, o Presidente russo afirmou que o seu filho de nove meses “ficará orgulhoso do pai”. O ministro da Defesa, Serguei Choigu, também esteve presente.
A Rússia só muito raramente divulga balanços do número de baixas na guerra da Ucrânia. Os números mais recentes foram divulgados a 25 de março e, na altura, o exército russo admitiu haver 1.351 militares mortos e 3.825 feridos.
O porta-voz de Putin tinha anteriormente indicado que esta visita, na altura em que a ofensiva na Ucrânia entra no seu quarto mês, não representa “uma nova fase”.
“A sua gestão do tempo simplesmente permitiu-lhe lá ir pessoalmente”, disse Dmitri Peskov.
Moscovo afirma que a sua “operação militar especial” na Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro, visa proteger a população russófona de um genocídio e “desnazificar” o país, para segurança da Rússia.
As autoridades asseguram também que ela está a decorrer como previsto, apesar de, perante a obstinada resistência ucraniana, Moscovo ter desistido no final de março da sua ofensiva a Kiev e ter concentrado as suas operações no leste do país.
Apesar dos intensos combates nos últimos três meses, o exército russo está a avançar com dificuldade, o que faz antever uma longa guerra de desgaste.
Na terça-feira, o ministro da Defesa russo e o secretário do Conselho de Segurança da Rússia deram ambos a entender que Moscovo terá de combater muito tempo na Ucrânia para alcançar os objetivos da sua intervenção.
A guerra na Ucrânia, que hoje entrou no 91.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas — mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,6 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou hoje que 3.974 civis morreram e 4.654 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.
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