Segundo dados do portal InfoEscolas, divulgados pelo Ministério da Educação (ME) e analisados pela Lusa, de 2014-2015 para 2015-2016, tendo em conta amostras com cerca de 30 mil alunos em cada ano letivo, há um aumento de um ponto percentual, de 14% para 15%, no total de alunos que não concluíram o curso nos três anos previstos e não se encontram inscritos no ensino secundário, ou seja, que abandonaram a escola.
A estes acrescem 6% - uma percentagem igual em ambos os anos letivos - que trocaram o ensino profissional por outra modalidade do ensino secundário.
Assim, 20% dos alunos em 2014-2015 e 21% em 2015-2016 abandonaram os estudos ou trocaram o ensino profissional por outra opção.
No entanto, os mesmos dados mostram que aumentou neste período a percentagem de alunos matriculados no ensino profissional que conclui o curso nos três anos previstos, passando de 53% para 55 por cento.
Os dados, defendeu à Lusa o presidente da Associação Nacional de Escolas Profissionais (ANESPO), José Luís Presa, ameaçam a meta do Governo de ter metade dos alunos do ensino secundário no ensino profissional, que disse que atualmente o rácio é de 35% dos alunos do ensino secundário no ensino profissional e 65% no científico-humanístico.
Entre 2013-2014 e 2015-2016, segundo os dados disponibilizados pelo ME, o ensino profissional no território de Portugal continental perdeu 5.936 alunos, passando de 111.590 matriculados para 105.654.
Ainda que a associação reconheça um ligeiro aumento do número de alunos no ensino profissional nos últimos dois anos, que ainda não estão abrangidos pela análise estatística da tutela, José Luís Presa garante que não é suficiente para compensar a perda dos últimos anos ou a quebra que se prevê para os próximos, devido à descida da taxa de natalidade.
Apesar de o Governo ter anunciado para o presente ano letivo um aumento no número de turmas (mais 254) e de vagas (mais de 10 mil novas vagas), o presidente da ANESPO alerta que é preciso diferenciar entre turmas homologadas (autorizadas pela tutela) e turmas efetivamente abertas, que são em número significativamente inferior às autorizadas.
“São entre 15% a 20% a menos”, disse José Luís Presa, que entende que atingir a meta dos 50% de alunos no ensino profissional só acontecerá com uma intervenção política, e “à custa do científico-humanístico”.
“Concretizar a meta implica uma política de redução dos cursos científico-humanísticos. Tem que se saber o que o país quer e como se operacionalizam as políticas. […] Tem que haver orientação política do ME, programada e concertada”, defendeu.
Em 2015-2016 a grande maioria dos alunos do ensino profissional tinha entre 15 anos e 19 anos, sendo residual o número de alunos com menos de 15 anos (54 matriculados), mas mais expressivo o número de alunos com 20 anos (4.732) e com mais de 20 anos (2.616).
Em 2015-2016 a percentagem de alunos que não concluiu o curso em três anos, mas que continuava matriculada no ensino profissional era de 24%, abaixo dos 27% do ano letivo anterior.
No ano letivo de 2015-2016 havia 2.906 cursos profissionais, distribuídos por 109 áreas de formação diferentes.
Técnico de restauração, com 9.452 matriculados; técnico de gestão e programação de sistemas informáticos (8.138 matriculados) e técnico de turismo (7.194 matriculados) eram os cursos com mais alunos nesse ano letivo.
Os três cursos com menos alunos inscritos são os de técnico de reparação do património edificado (5); técnico de redes elétricas (5) e técnico de sistemas de informação geográfica (3).
Lisboa, Porto e Braga são os distritos com mais cursos e com mais alunos inscritos.
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