“Acreditamos muito no trabalho de mediação que estamos a fazer. Não é se calhar o caminho mais simples, o mais simples era um reconhecimento formal que era feito num momento imediato mas provavelmente seria relativamente inconsequente”, considerou o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, num debate de atualidade na Assembleia da República agendado pelo Livre intitulado o "Reconhecimento do Estado da Palestina".
Pedro Duarte salientou que o Governo português está a tentar, através de todos os canais, “ser mais útil e mais eficaz do que se calhar através de um mero reconhecimento”.
O ministro dos Assuntos Parlamentares insistiu na posição já assumida esta semana no parlamento pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afirmando que Portugal “está a lutar pela solução do reconhecimento dos dois estados”.
“Quando nos perguntam por que razão Portugal ainda não concretizou esse reconhecimento formal, a resposta, não sendo simples, é clara, porque há dois caminhos para tentar contribuir para o fim deste ciclo de violência: através do reconhecimento da Palestina, tal como já fizeram diversos estados membros da ONU, sabendo nós infelizmente que esse reconhecimento não representa um cessar-fogo. Ou defendendo um debate alargado e equilibrado que permita preservar o consenso quanto à forma de avançar no sentido do reconhecimento da Palestina, investindo tudo numa ação diplomática exigente”, salientou.
Segundo o governante, esta ação do executivo “está a dar frutos”, realçando que a posição assumida por Portugal “é apreciada pela própria Autoridade Palestiniana”.
Pedro Duarte lembrou que o Governo, “que tomou a medida unilateral de não autorizar a exportação de armas para Israel, mantém as pontes com o Governo israelita e está apostado em trazer para a causa palestiniana os países da União Europeia que eram relutantes em relação ao direito à existência da Palestina”.
Pelo Livre, o deputado Rui Tavares insistiu no reconhecimento imediato da Palestina mas pediu ao executivo que pelo menos emita um “guião de independência da Palestina” para que Portugal esteja pronto para o fazer quando o Governo decidir.
“Este é o momento para Portugal estar à altura da sua História e ter uma política externa da coragem e não da cobardia”, considerou.
Rui Tavares, que durante a sua primeira intervenção foi interrompido por vários apartes de deputados do Chega, considerou que “a maneira de dizer ao mesmo tempo ‘não’ ao extremismo do Hamas e ‘não’ ao extremismo de Netanyahu [primeiro-ministro de Israel] e a alguns dos seus ministros no Governo, é a comunidade internacional declarar de uma vez por todas que não há maneira de impedir a independência da Palestina”.
No início do debate, o deputado do Livre trocou algumas acusações com o liberal Rodrigo Saraiva, que perguntou a Rui Tavares se concordava com a expressão “do rio (Jordão) até ao mar”, utilizada como ‘slogan’ na defesa da causa palestiniana, que disse ter aparecido num tempo de antena do Livre para as legislativas, e que na prática impede a solução dos dois estados.
Pelo CDS-PP, o líder parlamentar, Paulo Núncio, perguntou a Tavares se condena ataques extremistas em todas as suas formas “ou apenas quando são dirigidos ao povo palestiniano”.
Na resposta, Tavares começou por dizer que o Livre foi o primeiro partido a fazer uma declaração política no parlamento condenando o ataque do grupo terrorista Hamas a Israel, e que assumiu a mesma posição quando uma sinagoga no Porto foi vandalizada em outubro passado.
Tavares acusou a Iniciativa Liberal, de “política rasteirinha” e frisou que o Livre desde a sua fundação “é a favor da solução dois estados, o que significa que ‘desde o rio até ao mar’ toda a gente deve ser livre de acordo com a sua identidade nacional”.
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