“A primeira vez foi uma farsa, a próxima poderá ser uma tragédia”, admitiu, durante um evento em Cambridge para assinalar o quarto aniversário da saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

O português foi embaixador da UE nos Estados Unidos, entre 2010 e 2014, e depois nas Nações Unidas, entre 2015 a 2019, período este que coincidiu com a presidência de Trump (2017-2021).

“Acho que devemos preocupar-nos”, alertou, destacando em particular as posições dos EUA em relação à Rússia na guerra contra a Ucrânia e em relação à China.

“No que diz respeito à Rússia e à Ucrânia, receio que possa haver aquilo a que chamaria um nivelamento por baixo no sentido de fazer o mínimo possível para apoiar a Ucrânia porque isso não lhes diz respeito”, explicou.

E em relação à China, o risco é que Trump endureça o tom e crie mais fricção nas relações com a potência asiática.

“As duas tendências são muito perigosas para a Europa”, disse, não só devido à ameaça que a Rússia representa para os países vizinhos, mas também devido à dependência que tem da China.

“Somos mais dependentes da China do que os EUA em termos comerciais e de investimento. A última coisa que queremos é ter de escolher entre os Estados Unidos e a China, porque escolheremos os Estados Unidos, mas isso terá um custo enorme”, avisou.

Donald Trump é considerado o principal candidato à nomeação pelos republicanos para as eleições presidenciais de 05 de novembro depois de ganhar com facilidade as primárias nos estados de New Hampshire e Iowa.

O adversário pelos democratas deverá ser o atual presidente, Joe Biden.