O governante sublinhou, contudo, que a medida não abre caminho para uma legalização da canábis para uso recreativo.
“A minha intenção sempre foi garantir que os doentes possam ter acesso ao tratamento médico mais apropriado, mas indiquei sempre claramente não ter qualquer intenção de legalizar o uso recreativo da canábis”, explicou.
Vários casos de pessoas doentes que recorreram ilegalmente à ajuda de produtos derivados da canábis, incluindo os de duas crianças com epilepsia que tomavam óleo de canábis, Alfie Dingley e Billy Caldwell, foram alvo de muita atenção mediática no Reino Unido, alimentando o debate sobre a autorização da canábis terapêutica.
O ministro do Interior britânico pediu a 19 de junho a dois grupos de especialistas independentes que estudassem a questão.
Uma primeira análise, realizada por Sally Davies, a principal conselheira médica do Governo, concluiu estar provado que a canábis médica tinha benefícios terapêuticos.
O Conselho Consultivo sobre o Abuso de Droga considerou, por seu lado, que os médicos deveriam poder prescrever canábis terapêutica desde que os produtos cumprissem as normas de segurança.
O interesse pela canábis, ou cânhamo indiano, utilizada como planta medicinal, foi relançado nos anos 1990 pela descoberta de um composto análogo produzido pelo organismo, o canabinóide endógeno, presente tanto no cérebro dos seres humanos como dos animais.
Desde então, dezenas de estudos confirmaram o interesse da canábis terapêutica para tratar, por exemplo, espasmos musculares na esclerose múltipla e na epilepsia, dores crónicas em algumas patologias neurológicas, ou ainda para impedir náuseas e vómitos em doentes com cancro.
Vários outros países europeus já legalizaram a canábis terapêutica, como a Alemanha, a Áustria, a Finlândia e a Itália.
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