Segundo a organização não-governamental Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo, o balanço apenas contempla a morte de civis e não inclui as de membros das forças de segurança.
A IHR refere que, das 448 mortes que conseguiu confirmar, 60 têm menos de 18 anos, nove delas raparigas, e 29 mulheres.
Na semana passada, as forças de segurança abateram pelo menos 16 pessoas, 12 delas em áreas habitadas pela minoria curda, onde os protestos foram particularmente significativos.
O balanço subiu sobretudo após a verificação dos óbitos registados nas semanas anteriores, sublinha a ONG.
A 16 de setembro, a jovem curda Mahsa Amina, de 22 anos, morreu depois de ter passado três dias sob a custódia da polícia da moralidade iraniana, no último já em coma num hospital em Teerão, por alegado uso indevido do ‘hijab’, o véu islâmico, o que constitui uma “violação” ao rígido código de vestuário no país.
As primeiras manifestações eclodiram nas localidades curdas do noroeste, em particular em Saghez, cidade natal de Amini, mas os protestos generalizaram-se a outras cidades.
Hoje de manhã, pela primeira vez, as autoridades iranianas reportaram que mais de 300 pessoas morreram nos distúrbios desde meados de setembro, contagem que inclui a morte de dezenas de agentes das forças de segurança em confrontos com manifestantes ou assassinados.
Na quinta-feira passada, o Conselho de Direitos Humanos da ONU decidiu, apesar da oposição de Teerão e de Pequim, abrir uma investigação internacional sobre a repressão às manifestações.
“As autoridades da República Islâmica sabem muito bem que a cooperação de sua parte com a missão de investigação da ONU revelaria crimes em maior escala”, disse o diretor do IHR, Mahmood Amiry-Moghaddam.
“É por isso que não é esperada a cooperação de Teerão”, acrescentou.
Amiry-Moghaddam adiantou que mais da metade das mortes foram registadas em regiões povoadas por sunitas Baloch ou minorias étnicas curdas.
A IHR revelou que o maior número de mortes foi registado na região do Sistão-Baluchistão (sudeste), onde 128 pessoas morreram após manifestações alheias ao movimento de protesto desencadeado pela morte da jovem curda iraniano Mahsa Amini, que contava 22 anos, ainda que tenha alimentado a revolta contra o poder em todo o país.
Segundo a IHR, depois do Sistão-Baluchistão, o maior número de mortes foi registado nas províncias ocidentais do Curdistão, de população curda, e do Azerbaijão Ocidental, onde 53 e 51 pessoas morreram, respetivamente.
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