Duas empresas arrecadaram três dos quatro blocos em que a concessão foi dividida, num leilão realizado hoje na Bolsa de Valores de São Paulo e no qual não havia empresas estrangeiras entre os quatro participantes.
A arrecadação alcançada foi mais que o dobro do mínimo de 10,6 mil milhões de reais (1,6 milhões de euros) fixado para os quatro blocos, nos quais está previsto um investimento de 30 mil milhões de reais (4,59 mil milhões de euros) nos 35 anos de concessão.
O consórcio Aegea, que tem entre os seus sócios o Fundo Soberano de Singapura, assumiu o controlo dos blocos 1 e 4, mas retirou, no último minuto, a proposta do bloco 3, que ficou sem vencedor.
O grupo ofereceu 8,2 mil milhões de reais (1,26 mil milhões de euros), pelo bloco 1, tido como um dos mais atrativos, e 7,2 mil milhões de reais (1,10 mil milhões de euros) pelo bloco 4. O valor foi 103,13% e 187,5% superior ao mínimo exigido, respetivamente.
O consórcio Iguá, do qual faz parte o fundo de pensões canadiano ‘Canada Pension Plan Investment Board’, conquistou o bloco 2 pelo valor de 7,8 mil milhões de reais (1,19 mil milhões de euros), valor 129,6% superior ao mínimo estabelecido.
Os blocos atendem 35 cidades do Estado do Rio de Janeiro, incluindo a capital homónima, chegando a cerca de 13 milhões de habitantes.
Os vencedores devem garantir o acesso de toda a população à água potável e saneamento básico até 2033.
De acordo com o projeto, a captação e tratamento de água continuarão sob responsabilidade do executivo estadual e a iniciativa privada assumirá a distribuição de água e a recolha e tratamento de esgoto.
Até agora, esses serviços eram prestados pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), que tem sido muito criticada nos últimos anos pela má qualidade da água que leva até às casas dos ‘cariocas’, muitas vezes turva, com mau cheiro e terrosa.
Numa breve intervenção, o ministro da Economia, Paulo Guedes, descreveu o leilão como um ato de “confiança no Brasil” e na “economia de mercado” por parte dos investidores.
O ministro também destacou “a coragem e ousadia” do governador em exercício, Cláudio Castro, para lançar a primeira grande privatização do Rio de Janeiro “com o maior programa de saneamento, do meio ambiente e saúde pública”.
“Vamos tirar da miséria milhões de brasileiros”, frisou Guedes, referindo-se ao facto de que cem milhões de pessoas no país têm problemas com saneamento básico e tratamento adequado do abastecimento de água.
Numa declaração ainda mais breve, o Presidente, Jair Bolsonaro, disse que a conclusão do leilão é “um momento que marca” a “história” e “economia” do país e demonstra o compromisso de um “Governo voltado para a liberdade de mercado”.
Só no mês de abril, o Governo colocou cerca de trinta ativos da área de infraestruturas nas mãos da iniciativa privada, incluindo 22 aeroportos, cinco zonas portuárias e uma importante linha ferroviária.
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