“Concluídos os trabalhos de reabilitação do coletor da Rua da Prata, esta reabre à circulação: entre a Rua de São Julião e a Praça da Figueira circulam os elétricos; entre a Praça do Comércio e a Rua de São Julião circulam autocarros, táxis e elétricos; e entre a Praça do Comércio e a Praça da Figueira será implementado um canal ciclopedonal”, de acordo com a Câmara Municipal de Lisboa (CML).
Questionada pela agência Lusa, a autarquia esclareceu que as viaturas TVDE (transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados a partir de plataforma eletrónica) não podem circular, ao contrário dos autocarros e dos táxis, no troço entre a Praça do Comércio e a Rua de São Julião.
Desde as chuvas intensas que ocorreram em dezembro de 2022 e que provocaram um abatimento nas paredes do coletor, a Rua da Prata encontra-se fechada ao trânsito, situação que exigiu uma intervenção urgente do município para executar os trabalhos de reparação do troço afetado.
A partir de sexta-feira, “o percurso do elétrico 15 será retomado na sua totalidade e será implementado um canal ciclopedonal, para peões e velocípedes”, indicou o município.
Segundo a CML, sob presidência de Carlos Moedas (PSD), a reconfiguração na circulação na Rua da Prata pretende facilitar e promover o acesso à Baixa através do uso do transporte público e dos modos suaves de deslocação.
De acordo com a empresa municipal Carris, a circulação da carreira 15E na Rua da Prata é reposta a partir de sexta-feira, efetuando serviço com elétricos entre Algés e a Praça da Figueira.
No sentido Praça da Figueira, a partir da Praça do Comércio, o elétrico segue a via da Rua da Prata, onde efetua terminal na paragem localizada no final desta rua, e retoma serviço seguindo a via topo sul da Praça da Figueira (sem efetuar paragem), Rua dos Fanqueiros, Praça do Comércio, Rua do Arsenal e restante percurso da carreira até ao terminal em Algés, adiantou a empresa de transporte público.
No âmbito do anúncio da reabertura da Rua da Prata, a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, presidida por Miguel Coelho (PS), lamentou ter tomado conhecimento dessa informação “através dos órgãos de comunicação social, dois dias antes, e através de um e-mail remetido às 10:30 de hoje pelos serviços camarários”.
“Não discordando do princípio de que a Rua da Prata deve ser interditada ao trânsito automóvel, esta junta de freguesia rejeita que a CML não tenha, uma vez mais, considerado nenhuma proposta apresentada por este órgão local de proximidade, nem tampouco pelos moradores da Baixa e concretamente da Rua da Madalena, severamente afetados pelo escoamento do trânsito”, reclamou.
A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior destacou a petição pública sobre o encerramento ao trânsito da Rua da Prata e impacto na circulação na Rua da Madalena e na qualidade de vida da população, que já foi endereçada à Assembleia Municipal de Lisboa.
Na perspetiva da junta, a decisão de interditar a circulação de trânsito automóvel na Rua da Prata “só deveria ser tomada no âmbito de uma redução alargada do trânsito automóvel, através da implantação de uma ZER [Zona de Emissão Reduzida] e após amplo debate público”, lamentando que não se tenham encontrado soluções de consenso para reduzir o tráfego na Rua da Madalena, que ultrapassa atualmente as 6.000 viaturas por dia, com uma carga significativa de veículos pesados, o que coloca em causa a segurança ambiental, dos cidadãos e da própria infraestrutura desta artéria.
Em 20 de setembro, a Câmara de Lisboa anunciou que a Rua da Prata seria interditada ao trânsito automóvel, para ser dedicada à acessibilidade pedonal e ciclável e à circulação do elétrico.
“Estando a terminar a obra, nós pensamos: O que é que vamos fazer a seguir? […] o nosso propósito é reforçar a acessibilidade pedonal, reforçar a acessibilidade ciclável e pensar nesta rua como uma rua que tem essa dimensão mais forte. Vai continuar a ter pelo menos o elétrico, porque é necessário”, declarou na altura o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), que tem o pelouro da Mobilidade.
Lembrando que a Baixa de Lisboa já tem uma via exclusivamente pedonal, que é a Rua Augusta, Anacoreta Correia disse que a Rua da Prata “será mais uma” em que “a mobilidade pedonal e a mobilidade suave serão reforçadas”.
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