“O Conselho Estratégico Nacional tem dois objetivos: um é o órgão que muitas vezes se designou, mas não é isso exatamente que ele é, uma espécie de gabinete sombra ou governo sombra. É o órgão que vai ter os porta vozes e os coordenadores do partido para as mais diversas áreas”, explicou Rui Rio, apresentando aos jornalistas a anteproposta hoje definida na reunião da Comissão Política Nacional e cujo regulamento será criado nos próximos 15 dias.

Por outro lado, acrescentou, será este órgão que vai produzir o programa eleitoral para as legislativas de 2019.

No entanto, Rio destacou que a maior mudança será “uma revolução na forma de funcionamento de um partido político”.

“O que se pretende com este conselho é pôr todo um país a militar de uma forma diferente no partido. Militam da forma tradicional [em concelhias, distritais], mas se quiserem e não encontrarem espaço na militância tradicional, têm uma diferente: se são profissionais de saúde ou se se interessam por saúde podem militar na secção de saúde”, exemplificou, acrescentando que esta participação estará também aberta a independentes.

Assim, as 16 secções temáticas propostas são: relações externas; assuntos europeus; reforma do Estado e descentralização; defesa nacional; finanças públicas; justiça, cidadania e igualdade; segurança interna e proteção civil; agricultura, alimentação e florestas; coesão do território, ambiente e natureza; economia, inovação e internacionalização; saúde; solidariedade e bem-estar; educação, cultura e desporto; ensino superior, ciência e tecnologia e assuntos do mar.

As secções temáticas nacionais poderão ter a sua sede em diferentes cidades e ser replicadas pelas distritais que assim entenderem.

Questionado se esta nova forma de organização não retira poder às distritais e aos deputados, que têm assumido essa função de porta-vozes, Rui Rio desvalorizou.

“Isto é um desafio às distritais, vamos ver quais são aquelas que têm mais dinâmica, mais presença no terreno e mais capacidade de trazer a denominada sociedade civil para o PSD”, afirmou Rio, admitindo, contudo, que algumas possam encarar este novo órgão como “sombra à sua atividade”.

Por outro lado, o presidente do PSD disse não temer que possa ele próprio apagar-se com a diluição das posições do partido por tantos porta-vozes.

“Cada um tem de cumprir a sua função (…) Eu estou capaz de fazer a síntese política daquilo que é atividade do partido”, disse.

Rui Rio defendeu que o partido “tem obrigação de ter pessoas especializadas” nas várias áreas, que considera que até aqui não tido.

“Recorre-se muitas vezes aos deputados, que muitas vezes não são especialistas”, disse.

Ainda assim, o presidente do PSD assegurou que “as funções dos porta-vozes parlamentares mantêm-se intactas”, além de que cada secção temática terá, obrigatoriamente, de integrar "um a dois representantes" do grupo parlamentar do PSD.

“Nós somamos é capacidade do partido ter, fora do parlamento, um conjunto de porta-vozes”, defendeu.

Sobre a diferença entre os porta-vozes e os coordenadores (que excecionalmente podem coincidir), Rio explicou que os segundos serão pessoas com mais experiência, e apontou como exemplo a secção da Agricultura, para qual já escolheu como coordenador o ex-ministro dessa área, Arlindo Cunha, e o porta-voz será necessariamente uma pessoa mais jovem e que recusa poder ser visto como um futuro ministro de um Governo social-democrata.

“Quando fizerem uma pergunta sobre qualquer coisa que está a acontecer, o PSD terá sempre através deste órgão um porta-voz setorial com conhecimento técnico e político para comentar com competência e não, como muitas vezes acontece na política, dizer mal ou dizer bem”, resumiu Rui Rio.

Haverá também a possibilidade de distritos vizinhos se juntarem para criar uma secção temática, de forma a juntarem mais massa crítica.

O CEN integra uma Comissão Permanente composta pelo seu presidente – o vice-presidente do PSD David Justino -, os coordenadores e porta-vozes das secções temáticas e por uma Comissão Consultiva que integra militantes e personalidades independentes de reconhecido mérito.

A Comissão Política Nacional nomeou ainda para presidente da Comissão de Relações Internacionais do PSD o professor universitário Tiago Moreira de Sá e para coordenador para o secretariado para as comunidades portuguesas o antigo deputado e secretário-geral adjunto Luís Geraldes.

A nova forma de funcionamento do CEN fará com que este passe a englobar também o Gabinete de Estudos do partido.


Última atualização às 20:10