“Apenas as sanções do Conselho de Segurança são legais” e representam “uma ferramenta importante para responder às ameaças no mundo”, sustentou o vice-embaixador russo na ONU, Dmitry Polyanskiy, durante um debate no Conselho de Segurança.
A Rússia, que preside a este importante órgão em fevereiro, iniciou hoje um debate sobre as questões humanitárias e as consequências não intencionais das sanções.
Sem mencionar a crise na Ucrânia, que já levou Estados Unidos e União Europeia a ameaçar Moscovo com sanções em caso de invasão ao país vizinho, o diplomata russo aludiu às sanções “unilaterais” que “impedem a manutenção da paz” e são uma “interferência à soberania dos Estados”.
“Este golpe [sanções] é usado na Síria, Bielorrússia, Cuba, Venezuela, Irão, Afeganistão, Birmânia e Mali”, referiu.
Na mesma toada, o embaixador chinês na ONU, Zhang Jun, frisou que “sanções unilaterais coercivas são uma grande fonte de preocupação”, porque “apenas agravam o equilíbrio de poder”.
Os países que utilizam [as sanções] estão viciados nestas como “numa droga”, atirou, apelando para que “desistam imediatamente”.
Numa referência à Coreia do Norte, o diplomata asiático apontou que as sanções da ONU geram “graves consequências humanitárias”.
Há mais de um ano que Pequim e Moscovo apelam ao levantamento de sanções a Pyongyang por parte do Conselho de Segurança, pedidos que têm sido rejeitados pelos países ocidentais.
A embaixadora norte-americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, defendeu que a situação humanitária na Coreia do Norte é responsabilidade do próprio país.
“O principal obstáculo para enviar ajuda humanitária à Coreia do Norte é o encerramento das fronteiras decidido por este país e não as sanções internacionais”, defendeu.
A diplomata também se mostrou contra o argumento de que as sanções unilaterais são ilegais.
“Os Estados Unidos rejeitam categoricamente essa posição”, vincou.
Linda Thomas-Greenfield denunciou o bloqueio exercido “com demasiada frequência” por certos membros do Conselho de Segurança sobre o “trabalho de rotina” relativo a sanções, de forma a impedirem o envio de indivíduos ou a renovação de grupos de especialistas responsáveis pela monitorização das medidas da ONU.
Em janeiro, após os testes sucessivos de mísseis norte-coreanos, China e Rússia bloquearam um pedido dos EUA para sancionar cinco norte-coreanos acusados de ajudarem na proliferação de armas.
Desde agosto, a Rússia também impediu a renovação do grupo de especialistas da ONU encarregado da República Centro-Africana, argumentando que a composição daquela equipa não era suficientemente diversificada geograficamente.
Estão atualmente em vigor em todo o mundo 14 regimes de sanções, afetando países como Líbia, Iémen, Mali, Sudão ou Somália, ou grupos ‘jihadistas’ como o Estado Islâmico ou a Al-Qaida.
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