“Não há nenhuma explosão social. Nada”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em resposta a uma pergunta da agência francesa AFP, que classificou de desproporcionada.

A Rússia anunciou na quinta-feira uma proibição das exportações de gasolina e gasóleo para estabilizar o aumento dos preços internos e melhorar o abastecimento de combustível do país.

O decreto governamental refere que as restrições serão temporárias, mas não indica uma data para o seu termo.

De acordo com a agência norte-americana AP, a medida deverá conduzir a um aumento dos preços dos combustíveis no mercado mundial.

As exportações russas de gasóleo estão calculadas em cerca de 900.000 barris por dia e o país tem exportado diariamente entre 60.000 e 100.000 barris de gasolina, segundo a agência russa estatal TASS.

Os preços dos combustíveis no mercado interno baixaram cerca de 4% após o anúncio da proibição, noticiou a agência estatal.

A proibição não se aplica a outros países do bloco comercial da União Económica Eurasiática liderada por Moscovo, nomeadamente, Arménia, Bielorrússia, Quirguizistão e Cazaquistão.

O Governo anunciou hoje que está a desenvolver novas medidas sistémicas no mercado dos combustíveis, algumas das quais relacionadas com o sistema fiscal, para melhorar a situação.

“Compreendemos que existe um problema em termos de preços. Em breve, deixará de ser tão doloroso”, disse o diretor do departamento de petróleo e gás do Ministério da Energia russo, Anton Rubtsov.

Com as novas medidas, “o produto [gasolina e gasóleo] será fornecido, incluindo aos agricultores, a preços razoáveis e em volume suficiente”, acrescentou, citado pela TASS.

A Rússia é alvo de pesadas sanções internacionais desde que invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, destinadas a diminuir a capacidade de financiar o esforço de guerra.

Desde então, o país sofreu um aumento da inflação, o enfraquecimento do rublo e uma diminuição acentuada das receitas da venda de hidrocarbonetos, além da fuga de cérebros e escassez de mão-de-obra em alguns setores.

O primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, admitiu hoje que “a pressão externa continua a afetar” a economia do país.

A Rússia conseguiu, no entanto, “mitigar muitos desafios”, disse Mishustin, na apresentação do projeto de orçamento para o triénio 2024-2026, citado pela agência espanhola EFE.

No documento, o Governo antecipou um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 2% ao ano durante os próximos três anos.

Este ano, o Governo espera que o PIB cresça 2,8% após a contração de 2,1% em 2022, disse o ministro do Desenvolvimento Económico, Maxim Reshetnikov.

No primeiro semestre do ano, o crescimento foi de 1,6%, segundo a estimativa preliminar da agência de estatísticas Rosstat.

Para o período 2024-2026, estima-se um crescimento entre 2,2 e 2,3 % por ano.

Quanto às várias rubricas orçamentais, o Governo não revelou as despesas com a defesa, que são secretas, mas a agência financeira Bloomberg noticiou que aumentarão para 6% do PIB em 2024, contra 3,9% em 2023 e 2,7% em 2021.

Segundo meios de comunicação social ocidentais, a Rússia terá aumentado as despesas com a defesa este ano para mais de 100 mil milhões de dólares (93,8 mil milhões de euros, ao câmbio atual).