“Não devem estar preocupados de maneira alguma sobre as falsas alegações [de sanções]: a empresa apoia os nossos funcionários a 100%. Há risco zero que algum tripulante perca a sua licença de voo ou identificação do aeroporto”, lê-se num memorando datado de hoje e enviado aos trabalhadores, a que a agência Lusa teve acesso.
No texto negam-se as “numerosas falsas alegações que circulam nas redes sociais nos últimos dias, reivindicando que ações legais vão ser tomadas contra tripulantes de bases não portuguesas que operaram voos de e para Portugal”, assim como outras sanções.
“Essas alegações são completamente falsas e estão a ser feitas por pessoas que tentam intimidar-vos com falsas alegações e causar o máximo de perturbação aos nossos clientes”, segundo o documento assinado por Andrea Doolan, responsável pelas operações de planeamento de voos.
Os tripulantes de cabine de bases portuguesas da transportadora de baixo custo cumprem na quarta-feira o último de três dias não consecutivos de greve para exigirem a aplicação da lei nacional.
O texto agora conhecido começa por referir a “perturbação menor” provocada aos clientes na quinta-feira e domingo de Páscoa por tripulantes de bases portuguesas e garante que “a vasta maioria dos voos das bases de Portugal operaram com normalidade”, com a colaboração de trabalhadores e reversões de outras bases.
Essas reversões podem levar, por exemplo, a que um voo previsto para Lisboa-Paris, passe a ser Paris-Lisboa-Paris.
A companhia irlandesa garante apoiar a 100% os seus funcionários, a quem sugere que peçam “conselho por escrito” aos que têm divulgado as “falsas alegações”.
“E depois deixem-nos saber para o ‘email’ abaixo, para que possamos adotar as ações legais apropriadas contra essas pessoas ou sindicatos que fazem essas falsas alegações”, adianta o mesmo memorando, onde se lê ainda que o trabalho das tripulações fora de Portugal nos dois dias de greve decorreu “sem dificuldade e sem interferência de qualquer autoridade em Portugal”.
A companhia referiu que devem ser cumpridas as obrigações contratuais e que “não se podem escolher os voos para operar”.
“Se abandonar o seu dever por recusa de operar voos como ordenado pela empresa será considerada como falta grave no âmbito de procedimento disciplinar, para a qual a sanção habitual é o despedimento”, segundo a Ryanair, que garantiu estar a gerir casos de ‘ciber-bullying’ e que “não irá tolerar intimidação e assédio dos colegas por se juntarem à greve ou por recusa em operar fora da base”.
“Dois tripulantes foram recentemente despedidos por postarem mensagens abusivas e ameaçadoras sobre os seus colegas no Facebook e Whatsapp”, segundo o mesmo memorando.
A Comissão Europeia escusou-se hoje a comentar os problemas da greve da companhia aérea Ryanair, considerando que se trata de um assunto de âmbito nacional.
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) tem denunciado, desde o início da paralisação, que a Ryanair substitui ilegalmente grevistas portugueses, recorrendo a trabalhadores de outras bases.
A empresa admitiu ter recorrido a voluntários e a tripulação estrangeira durante a greve.
No domingo, a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) anunciou ter desencadeado uma inspeção na Ryanair em Portugal para avaliar as irregularidades apontadas pelo SNPVAC.
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