Cartões com componentes eletrónicos, sejam bancários ou não, devem ser reciclados (não podem ser colocados nos ecopontos amarelos), até porque são muitas dezenas de milhões de cartões desde referentes a lojas, gasolineiras, de refeição ou de serviços, por exemplo, disse à agência Lusa Filipa Castela, diretora de marketing da Contisystems, empresa que promove a iniciativa Merece.

A Merece foi criada há três anos e tem como objetivo a reciclagem de cartões com componentes eletrónicos, os cartões de plástico dos bancos, recolhendo-os e encaminhando-os para uma empresa, a Extruplás, que os transforma em mobiliário urbano.

No primeiro ano do Merece foram recolhidos 700 quilos de resíduos de cartões fora de prazo e no ano seguinte 1.700 quilos. No ano passado, segundo os números de Filipa Castela, a reciclagem chegou a 4,7 toneladas, estando os valores deste ano em quase quatro toneladas.

É pouco, tendo em conta o volume de cartões existente, mas o Merece está a procurar mais parceiros, numa perspetiva de sustentabilidade que levou a empresa a plantar milhares de árvores.

Também inaugurou recentemente uma loja online, para chegar ao consumidor final com produtos feitos a partir da reciclagem de resíduos, de garrafas a sacos, de esculturas feitas de chinelos de praia a meias feitas parcialmente de algas marinhas, com minerais e antioxidantes “benéficos para a pele e para o clima”.

“A loja é uma montra, uma forma de dar visibilidade a projetos que partilham os nossos valores, iniciativas interessantes de sustentabilidade, de uso de materiais reciclados, de reutilização de resíduos”, explicou Filipa Castela.

E outro pilar da Merece são as árvores. Filipa Castela disse que desde o início do projeto há mais de 15.000 árvores envolvidas (nem todas ainda plantadas).

A ideia da Contisystems é compensar as emissões de dióxido de carbono, geradas pela produção de cartões (cada um pesa aproximadamente seis gramas), com a plantação de árvores. Por cada quilo de cartões recolhidos a Merece planta uma árvore, com garantia de a manter cinco anos.

“Na próxima semana vamos plantar mais 600”, disse, explicando que o tipo de árvore e o local são decisões que têm a colaboração da organização ambientalista Quercus.

Filipa Castela está satisfeita com o programa mas reconheceu que é baixa a reciclagem dos cartões, mesmo só tendo em conta o universo bancário. “Tentamos que os nossos membros comuniquem aos clientes o que devem fazer com o cartão antigo”, disse, adiantando que se o cartão for colocado numa caixa multibanco automaticamente fica retido.

“É a forma mais prática, eficaz e segura”, afirmou, explicando que se o banco for membro do projeto Merece o cartão irá fazer parte de um qualquer banco de jardim ou de um parque infantil. Caso contrário será também inutilizado embora o destino final possa ser outro.

Os cartões são triturados e misturados com outros plásticos, que colocados em moldes em temperaturas elevadas se transformam num produto que depois de trabalhado resulta em materiais resistentes ao sol e à chuva.

O projeto Merece - Movimento Empresarial para a Reciclagem de Cartões com Componentes Eletrónicos, é uma criação da Contisystems, uma empresa nacional com mais de meio século que entre outras atividades faz a personalização de cartões bancários há mais de 25 anos.

O Merece pretende envolver o maior número possível de entidades do setor, incentivando empresas e indivíduos a contribuir para o tratamento ecologicamente responsável dos resíduos de cartões com componentes eletrónicos.

“Estamos a trabalhar para alargar a base, para que o processo funcione para toda a gente”, disse, assegurando que as pessoas podem ficar tranquilas porque na reciclagem dos cartões são seguidos todos os processos de segurança.

E tem fim o Merece? Filipa Castela respondeu rapidamente. “Enquanto houver cartões cá estaremos”.