Sánchez iniciou hoje uma visita de dois dias à Jordânia, Arábia Saudita e Qatar para abordar a situação no Médio Oriente e, na primeira declaração pública aos jornalistas, após visitar um campo de refugiados palestinianos em território jordano, disse que faz este périplo num “contexto de extrema gravidade”.
“O objetivo desta viagem é conhecer em primeira mão os pontos vista de alguns dos principais atores na procura de uma solução para esta guerra e transmitir o compromisso de Espanha e a nossa determinação em trabalhar com os nossos parceiros para conseguir um futuro de paz, justiça e prosperidade na região”, afirmou.
O líder do Governo espanhol fez um “novo apelo a que cessem definitivamente as hostilidades” de Israel na Faixa de Gaza e “à libertação de todos os reféns” israelitas por parte do grupo islamita radical Hamas.
“É urgente implementar o cessar-fogo exigido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas na semana passada, que é vinculativo”, acrescentou Sánchez, antes de defender que “tem de ser um cessar-fogo definitivo”, por ser “o passo necessário para abrir um processo político que ponha fim definitivamente a este conflito”.
Isso passará, acrescentou, pela “materialização real e efetiva da solução dos dois estados”, o que implica o reconhecimento do estado palestiniano por parte dos países que ainda não o fizeram, mas também do “reconhecimento pleno” de Israel pela comunidade internacional.
“Espanha não vai poupar nenhum esforço para conseguir o objetivo de alcançar a paz que permita a Israel e à Palestina conviver em paz e segurança”, afirmou.
Sánchez disse a jornalistas espanhóis durante o voo que o levou até à Jordânia na segunda-feira à noite que o governo de Madrid prevê reconhecer o estado palestiniano até julho.
Na mesma declaração de hoje, Sánchez considerou também “urgente que Israel permita o acesso de ajuda humanitária a Gaza, como exigem diversas instâncias internacionais”, incluindo o Tribunal Internacional de Justiça, cujas decisões são também de “cumprimento obrigatório”.
O primeiro-ministro espanhol destacou o “trabalho fundamental e insubstituível” das Nações Unidas e, em concreto, da agência para os refugiados palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês), que gere o campo de refugiados que hoje visitou na Jordânia, criado em 1952 e onde vivem 30 mil pessoas.
“É fundamental que a comunidade internacional mantenha o financiamento adequado da UNRWA”, defendeu.
Espanha aumentou o financiamento à UNRWA depois de países como os Estados Unidos terem suspendido as verbas para a agência, por causa da denúncia de Israel de que 12 pessoas que trabalhavam com a organização na Faixa de Gaza participaram nos ataques de outubro do Hamas em território israelita.
A comissária-geral adjunta da UNRWA, Nathalie Boucly, que hoje acompanhou Sánchez na visita ao campo de refugiados, sublinhou que a agência garante resposta humanitária em Gaza e educação, saúde e serviços sociais na Cisjordânia, Síria, Jordânia e Líbano “que contribuem para a estabilidade da região.
Nathalie Boucly disse que a UNRWA tem sido “alvo de ataques politicamente motivados que procuram o seu desmantelamento para minar assim os direitos dos refugiados palestinianos”.
“Tirar a UNRWA do cenário levaria a um desastre humanitário sem precedentes. Convidamos Espanha e todos os países a continuarem a apoiar a UNRWA e a redobrar esforços para encontrar uma solução justa e duradoura para o conflito israelo-palestiniano”, afirmou.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque em solo israelita do grupo islamita palestiniano que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades.
A resposta de Israel, além de ter causado um nível elevado de destruição de infraestruturas em Gaza, matou cerca de 32.900 pessoas, segundo as autoridades controladas pelo Hamas.
O grupo islamita, que governa Gaza desde 2007, é considerado como uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
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