O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, promete sanções “em força” contra o Irão, por desrespeito do acordo nuclear e apelando à solidariedade internacional para boicotar totalmente a compra de petróleo àquele país árabe.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif, admitiu terça-feira que as sanções vão afetar economicamente o país, mas acrescentou que elas não vão mudar as políticas iranianas, considerando-as “inúteis e fúteis”, em declarações a um programa da estação de televisão norte-americana CBS.
“Os Estados Unidos estão viciados em sanções e acreditam que elas são uma panaceia que resolve todos os problemas. Não resolvem. Na realidade, magoam pessoas e, enquanto governo, temos a obrigação de minimizar o seu impacto. Mas as sanções nunca mudarão as políticas”, afirmou o responsável da diplomacia de Teerão.
O Irão garante que tem cumprido com o acordo nuclear que estabeleceu com os Estados Unidos, no mandato de Barack Obama, e apela à Agência Internacional de Energia Atómica para confirmar o seu compromisso.
Mas o executivo de Donald Trump não se impressiona com estas palavras e a nova vaga de sanções segue uma outra, introduzida em agosto passado, que afetou o comércio de divisas, metais e o setor automóvel.
As sanções já tinham sido colocadas antes, mas foram levantadas em 2015, no mandato de Barack Obama na Casa Branca, quando o governo do Iraque aceitou introduzir limitações ao seu programa nuclear.
Em maio, Donald Trump considerou esse acordo insuficiente e tem vindo a endurecer a sua posição contra o Irão, condenando as “atividades malignas” de Teerão.
Com esta nova fase de sanções, os Estados Unidos esperam que todos os países reduzam a zero a importação de petróleo do Irão, o que é um duro golpe numa Economia que tem no setor energético uma base fundamental.
Donald Trump anunciou, na passada semana, que qualquer país que continue a fazer negócio com o Irão ficará bloqueado de acesso ao sistema bancário e financeiro dos Estados Unidos.
Contudo, o governo da Índia, um dos principais importadores de petróleo do Irão, já anunciou que reduzirá os níveis de compra, mas não atingirá o grau zero, alegando as suas enormes necessidades energéticas.
Também a China e a Turquia, muito dependentes do petróleo iraniano, mostram-se reservados relativamente às sanções que têm efeito a partir de segunda-feira e vários analistas consideram que é quase impossível que venham a cumprir integralmente as sanções determinadas pelos Estados Unidos.
Na Europa, também países como a Espanha, a Itália e a Grécia parecem determinados em não interromper totalmente o comércio com o Irão.
Em Washington, os opositores de Donald Trump acusam o Presidente de estar a ajudar os russos, já que eles serão os principais beneficiários destas sanções ao Irão, num momento em que os países árabes produtores de petróleo anunciaram que não vão aumentar as suas quotas de produção.
O Irão já tem vindo a reduzir as vendas de petróleo, com quebras de cerca de 800 mil barris diários, comparativamente aos números do início do corrente ano.
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