André Ventura, líder do Chega, falava no Parlamento sobre a comunidade cigana, criticando o elogio aos feitos da comunidade e a ausência de crítica, dando como exemplo situações como “agressões” no Alentejo e a bombeiros em Lisboa e no Porto.
"Esta capacidade de dizer sim à comunidade cigana tem de acabar em Portugal, porque sim, as minorias não devem ser confrontadas por nós, mas também não podem ser apaparicadas ao ponto de ignorarem que têm de ter os mesmos deveres que todos os portugueses", defendeu.
"Muitos que nos estão a ver agora sabem bem, no Alentejo, no Algarve, à volta de Lisboa, à volta do Porto, do que estou aqui a falar. Sabem que há uma paraíso de impunidade, que ainda agora na morte de um agente da PSP, mais uma vez, se fez valer", acrescentou ainda André Ventura.
Dirigindo-se de seguida a António Costa, o líder do Chega continuou a desenvolver o seu exemplo. "Sim, senhor primeiro-ministro, eu leio-lhe que anda um cigano fugido noutro país, depois de ter morto um PSP e que o patriarca da comunidade cigana diz que, no seu modo, no seu tempo, o entregará à justiça — e sobre isto este Parlamento não deu nem uma palavra. O meu respeito ao agente da PSP que morreu às mãos deste homem".
Foram ouvidas palmas no Parlamento, mas o presidente da Assembleia da República interrompeu o discurso. “Permita-me que o interrompa para lhe dizer que não há atribuições coletivas de culpa em Portugal”, disse Augusto Santos Silva. “Portanto, solicito-lhe que continue livremente a sua intervenção como é seu direito, respeitando este princípio”, acrescentou. A intervenção do presidente da AR foi aplaudida de pé pelo Parlamento, com exceção dos deputados da bancada parlamentar do Chega.
Ao retomar a intervenção, no púlpito do hemiciclo, André Ventura disse não aceitar “que nenhum outro deputado ou presidente da Assembleia limite” a sua intervenção, o que motivou também um aplauso por parte da sua bancada.
O debate do Programa do XXIII Governo Constitucional termina hoje na Assembleia da República com a votação da moção de rejeição apresentada pelo Chega, que deverá contar unicamente com os votos a favor dos deputados do partido proponente.
O primeiro dos dois dias de debate ficou marcado pela garantia dada pelo primeiro-ministro, António Costa, de que cumprirá o mandato até ao fim, quebrando assim o silêncio sobre a sua hipotética saída para um cargo europeu daqui a dois anos e meio.
O chefe do executivo anunciou que a proposta de Orçamento de Estado de 2022 será apresentada na próxima semana e antecipou que o crescimento económico será "um dos desafios centrais" da governação nos próximos quatro anos.
O Programa do XXIII Governo Constitucional corresponde basicamente ao programa eleitoral que o PS apresentou para as legislativas de 30 de janeiro, que venceu com maioria absoluta, elegendo 120 dos 230 deputados da Assembleia da República.
Este programa identifica quatro “desafios estratégicos” de médio e longo prazo: resposta à emergência climática, transição digital, interrupção da atual crise demográfica e combate às desigualdades.
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