Caso aceite a nomeação - sendo este o cenário mais provável -, é a primeira vez que uma mulher disputa a presidência dos Estados Unidos em representação de um dos dois grandes partidos políticos. Os EUA vão a votos a 8 de novembro.

A convenção democrata termina esta quinta-feira e o discurso de Hillary é o mais aguardado da noite. A candidata deverá aceitar a nomeação do partido para a corrida presidêncial. Ontem, Barack Obama fez um discurso entusiasmado de apoio à ex-secretária de Estado norte-americana.

Diante de uma multidão de quase 5 mil delegados do partido reunidos em Filadélfia, Obama disse que nunca houve um homem ou uma mulher mais capacitado e preparado que Hillary Clinton para ser presidente dos Estados Unidos, incluindo-se a si mesmo e ao ex-presidente Bill Clinton. "Vamos levar Hillary Clinton à vitória este ano, porque é o que o momento pede!", disse Obama.

Trata-se de um momento especial para ambos, já que Obama derrotou Hillary por uma pequena margem nas primárias em 2008, embora ao chegar a Casa Branca tenha a convidado para se tornar sua secretária de Estado.

Apesar de a ter substituído no cargo no segundo mandato  - hoje nas mãos de John Kerry -, Obama nunca escondeu, dentro dos limites que lhe eram impostos enquanto presidente dos EUA, que estava ao lado de Hillary na corrida à Casa Branca.

Partido democrata quer fazer História mais uma vez

O partido espera agora poder suceder Obama, o primeiro presidente negro na história dos Estados Unidos, com Hillary, a primeira mulher, uma possibilidade que faz os delegados presentes na convenção sonharem alto.

Para conquistar este objetivo, não faltaram apoios de peso a Hillary na convenção.

O ex-presidente Jimmy Carter (1977-1981) apareceu num vídeo, no qual deixou claro o seu apoio a Hillary para ocupar o cargo mais importante do país.

O marido e ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) fez um longo discurso no qual narrou a história do seu relacionamento com Hillary, num testemunho que se propôs a humanizar a figura da agora candidata a presidente.

Por fim, Obama ressaltou a imagem de uma funcionária pública exemplar, habituada a tomar decisões difíceis e complexas.

"Nada nos prepara realmente para as exigências da Sala Oval. Até que te sentes nessa mesa, não sabes o como é administrar uma crise global ou enviar gente para a guerra. Mas Hillary já esteve na Sala Oval, foi parte das decisões", salientou Obama.

Esta quinta-feira, dia do encerramento da convenção democrata, também contará com presença da filha de Bill e Hillary, Chelsea, entre os oradores.

A aceitação da candidatura por parte de Hillary, uma formalidade ditada pelas normas partidárias, acontece numa altura em que Donald Trump, candidato republicano à Casa Branca, se vê envolvido em mais uma polémica.

Trump convocou uma conferência de imprensa para negar qualquer relação com a suposta participação de espiões russos na invasão dos servidores de e-mail do Comité Nacional do Partido Democrata.

A suspeita está relacionada com a libertação, a 22 de julho, pelo site WikiLeaks de quase 20 mil emails internos de líderes do partido, que mostram uma postura favorável a Hillary nas primárias. O caso caiu como uma bomba entre os apoiantes do Bernie Sanders - que perdeu para Hillary nas primárias -, ameaçando uma convenção cujo objectivo era unir os democratas em torno da candidata. No entanto, Bernie Sanders foi categórico no seu apoio à ex-secretária de Estado, o que contribuiu para acalmar os ânimos.

Apesar de negar qualquer envolvimento, Trump terminou o discurso a pedir à Rússia que utilize os seus espiões para investigar os e-mails de Hillary quando era secretária de Estado.

"Rússia, se me estão a ouvir, espero que sejam capazes de encontrar os 30 mil e-mails que estão perdidos. Provavelmente serão generosamente recompensados pela imprensa", disse Trump numa referência aos e-mails que Hillary disse ter apagado dos servidores privados que mantinha na sua residência quando era secretária de Estado. Este caso tem vindo a abalar a confiança na líder democrata desde o início das primárias.

O ex-diretor da CIA e ex-secretário de Defesa Leon Panetta não fugiu ao tema na convenção democrata e disse que era inconcebível que um candidato presidencial americano pedisse que um adversário político fosse alvo de espionagem por parte de um país estrangeiro.

Trump acabou depois por desvalorizar a questão: "É claro que estou a ser sarcástico", disse o magnata à Fox News, um dia depois de ter lançado o desafio a Moscovo.