"É um governo do PS, um governo de esquerda, apoiado à esquerda e a valorização dos salários é parte fundamental da negociação e da luta dos sindicatos e dos trabalhadores. Ao não querer reunir com a central [UGT ] e quando em reuniões setoriais com a administração pública chegam lá os nossos sindicatos e dizem ‘só temos isto para vos dar, ponto final’... Isso não é negociar. Para isso, mandavam uma carta e diziam ‘nós só podemos dar 0,3’. Não ofendiam tanto os sindicatos. Portanto, há uma desconsideração para com o movimento sindical", afirmou Carlos Silva.
O secretário-geral da UGT, que falava aos jornalistas no final da reunião do secretariado nacional, que decorreu em Castelo Branco, sublinhou que o Governo comprometeu-se com o país em apostar numa prioridade "chamada valorização dos salários".
"Quando chegamos à Concertação Social somos surpreendidos, por um lado, em vez de discutirmos rendimentos, discutimos competitividade. Isso é para as empresas e para a economia. E a economia é para acomodar um conjunto de exigências dos empresários portugueses e bem, que nós não pomos em causa, mas também queremos igual tratamento para os trabalhadores. E então onde é que está o social? Foi comido pelo económico, foi comido pelas questões empresariais. E o Governo tem que perceber isto", sustentou.
Questionado sobre o clima de crispação com o primeiro-ministro, o secretário-geral da UGT frisou que as discussões do Partido Socialista são discutidas em outra sede.
"Agora, ninguém aqui é inocente, dentro da nossa central, para claramente rejeitar qualquer alusão a este relacionamento que existe ou que não existe, mas sobretudo entre a UGT e o seu secretário-geral, que sou eu, e o primeiro-ministro. Se já afirmei que desde 2016, quando o Presidente da República foi eleito, que já veio três vezes à UGT e de todas essas vezes nós convidamos o primeiro-ministro e ele nunca veio, alguma coisa se passa", sustentou.
Carlos Silva entende que o primeiro-ministro não é obrigado a receber a UGT, mas realça que quando este recebe outra central sindical, como aconteceu nos últimos dias, e não recebe a UGT, a situação torna-se "tremendamente incómoda".
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