O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) anunciou esta sexta-feira que suspendeu quaisquer solicitações efetuadas a pessoas ligadas à Associação dos Emigrantes de Leste (Edintsvo) na sequência da abertura de um inquérito interno depois das notícias que alegam que refugiados ucranianos foram recebidos por russos apoiantes de Vladimir Putin, noticia o jornal Público.
Segundo o SEF, citado pelo jornal, até que seja esclarecida a situação, a Direcção Nacional “determinou hoje que as solicitações efectuadas a pessoas ligadas a essa associação fossem suspensas” – até porque “há outras alternativas” a que o SEF pode recorrer para os serviços prestados pela associação Edintsvo, com quem “não tem qualquer protocolo assinado”
O semanário Expresso noticia hoje que refugiados ucranianos são recebidos na Câmara de Setúbal por russos simpatizantes do regime de Vladimir Putin e que responsáveis pela Linha de Apoio aos Refugiados estão a fotocopiar documentos dos refugiados.
"No atual contexto de guerra, mais do que a relevância política, o facto é desumano e vexatório, indigno de uma democracia ocidental no século XXI, com que o PCP apenas convive por não ter alternativa", criticam os centristas na moção aprovada pelo órgão máximo do partido entre congressos, que argumentam que "ações desta natureza caem no âmbito das competências da comissária Ylva Johansson, com competência em matéria de migrações e asilo".
O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Valente Martins, do Partido Ecologista "Os Verdes", foi eleito pela lista da CDU (PCP/PEV/ID) nas últimas eleições autárquicas.
Segundo o Expresso, pelo menos 160 refugiados ucranianos já terão sido recebidos por Igor Khashin, antigo presidente da Casa da Rússia e do Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos, e pela mulher, Yulia Khashin, funcionária do município setubalense.
De acordo com aquela publicação, Igor Khashin, líder da Associação dos Emigrantes de Leste, subsidiada desde 2005 até março passado pela Câmara de Setúbal, e a mulher terão, alegadamente, fotocopiado documentos de identificação dos refugiados ucranianos, no âmbito da Linha de Apoio aos Refugiados da Câmara Municipal de Setúbal.
Igor Khashin e a mulher terão também questionado os refugiados sobre os familiares que ficaram na Ucrânia, mas a Câmara Municipal de Setúbal garante que “nunca foi feita tal pergunta”.
O jornal Expresso refere ainda que Igor Khashin é um dirigente associativo com dupla nacionalidade, que se apresenta como “gestor de projetos”, e que as associações a que terá estado ligado eram referenciadas nos sites da Ruskyi Mir e da Rossotrudnichestvo, instituições criadas pelo Kremlin para divulgar a cultura e o mundo russos, mas que, segundo fontes citadas pelo jornal, “podem servir de cobertura a elementos dos serviços secretos” da Rússia.
Entretanto, a Câmara de Setúbal indicou, em comunicado, que retirou do acolhimento de cidadãos ucranianos a técnica superior referida pelo Expresso e que vai pedir ao Ministério da Administração Interna que proceda a uma averiguação sobre a receção de refugiados por russos alegadamente pró-Putin.
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