“As evidências não se podem negar. O que está mal tem que ser corrigido, mas está mal de ambas as partes […]. Uma das partes pôs em risco a própria indústria, não só a Autoeuropa, mas também a Navigator. As empresas não gostaram do que aconteceu aqui”, disse Ignacio Rodríguez López, durante uma audiência parlamentar na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.
O administrador da Sadoport vincou ainda que, “sem navios, não há emprego para ninguém”, apelando para a honestidade no que se refere à atribuição de culpas.
“Não vai ser fácil voltar a construir isto tudo. Concordo perfeitamente com [a necessidade dos estivadores] terem um bom trabalho e condições dignas, mas agora onde estão os navios?”, sublinhou.
Em resposta aos deputados, Ignacio Rodríguez López notou também que é necessário “encontrar soluções reais para os problemas e não apenas para os pequenos detalhes”.
Por sua vez, o gerente da Operestiva, empresa de trabalho portuário de Setúbal, explicou que existem três principais empresas que representam cerca de 70% da carga da Sadoport e que ponderaram não voltar a trabalhar com o Porto de Setúbal.
“Neste momento, temos dois que vão voltar e, se o terceiro não voltar, temos um problema em mãos”, anunciou.
Em 14 de dezembro, o Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística (SEAL) e os operadores portuários assinaram um acordo, no Ministério do Mar, que prevê a passagem imediata a efetivos de 56 trabalhadores precários (mais 10 a 37 numa segunda fase, com a assinatura do contrato coletivo de trabalho até ao final de fevereiro) e o levantamento de todas as formas de luta, incluindo a greve ao trabalho extraordinário no Porto de Setúbal.
O acordo colocou termo a um conflito com os estivadores precários de Setúbal que recusavam apresentar-se ao trabalho desde o dia 05 de novembro e garante também a prioridade na atribuição de trabalho aos atuais trabalhadores eventuais que não sejam integrados nos quadros dos operadores portuários, face a outros que ainda não estejam a laborar no Porto de Setúbal.
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