“A expectativa é que a China corresponda àquilo que têm sido as suas palavras, aquilo que têm sido as suas posições assumidas publicamente, nomeadamente em relação ao não fornecimento de armamento à Rússia, e também em relação àquilo que apelidou de plano de paz, que na realidade não é um plano, é um conjunto de posições da China”, afirmou João Gomes Cravinho, no final de um Conselho de Negócios Estrangeiros, quando questionado sobre a visita oficial de três dias que o Presidente chinês, Xi Jinping, realiza desde hoje a Moscovo.
E prosseguiu: “A nossa expectativa é que, na visita a Moscovo, o Presidente Xi Jinping explique as posições que a China assume em relação à defesa da integridade territorial de todos os países, em relação à defesa da Carta das Nações Unidas, em relação à importância da segurança nuclear, em relação à questão do apoio humanitário às populações necessitadas”.
“São pontos desse documento chinês com os quais concordamos e que pensamos que seria muito útil ele explicar ao Presidente [russo, Vladimir] Putin”, concluiu o chefe da diplomacia portuguesa.
Os Presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, iniciaram hoje a sua reunião informal no Kremlin com a iniciativa de paz chinesa para a Ucrânia sobre a mesa.
Em fevereiro, a China deu a conhecer um “plano de paz” genérico, composto por 12 pontos, para acabar com o conflito na Ucrânia, tendo então pedido a Moscovo e Kiev para realizarem conversações.
Os dois dirigentes, sentados lado a lado no Kremlin (sede da Presidência russa), segundo as imagens difundidas pela televisão pública russa, tiveram um primeiro encontro informal, antes de continuarem as conversações durante um jantar.
Xi Jinping chegou hoje à capital russa para uma visita oficial de três dias.
Quando acolheu o líder chinês, Putin disse que está disponível para discutir o plano de paz apresentado por Pequim, para resolver o conflito na Ucrânia.
“Estamos sempre abertos a um processo de negociação. Sem dúvida, discutiremos todas essas questões, incluindo as iniciativas da China, que tratamos com respeito”, disse Putin durante a reunião informal com Xi.
O Presidente russo garantiu ainda ao seu homólogo chinês que os dois países partilham muito em comum.
“Temos muitas tarefas e objetivos comuns”, disse Putin, saudando o facto de Pequim prestar “grande atenção ao desenvolvimento das relações entre a Rússia e a China”.
A China mantém uma posição ambígua em relação à guerra na Ucrânia. Por um lado, defende a integridade territorial ucraniana, mas por outro diz ter em consideração também as preocupações de segurança anunciadas pela Rússia.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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