“A Europa está no centro destas tentativas de destabilização, sobretudo a Alemanha”, declarou Bruno Kahl ao diário Suddeutsche Zeitung, numa entrevista publicada um dia depois de um ataque informático, de origem não determinada, contra o principal operador de telecomunicações alemão, a Deustche Telekom, que perturbou as ligações de perto de um milhão de utilizadores.
Existem “indícios segundo os quais estes ciberataques são realizados com o objetivo único de criar incerteza política”, acrescentou.
Esta é “uma forma de pressão exercida sobre o debate público e sobre a democracia que não é tolerável”, sublinhou.
Bruno Kahl referiu existirem elementos que apontam para a Rússia como origem destes ciberataques. “É difícil poder atribuir (estas ações) a um ator estatal, mas vários elementos indicam serem, pelo menos, tolerados ou desejados por um Estado”, afirmou.
A chanceler Angela Merkel tinha já advertido, no início do mês, contra estas tentativas de desinformação e de pirataria, oriundas da Rússia, tendo em vista as próximas legislativas, em que vai disputar um quarto mandato.
Cerca de 900 mil casas na Alemanha, clientes do operador Deutsche Telekom, registaram na segunda-feira importantes dificuldades no acesso à internet por causa de um ciberataque.
De acordo com o gabinete federal de segurança informática alemão, o ataque afetou também redes seguras da administração governamental alemã, mas foi contrariado devido às medidas de proteção existentes.
“O ‘malware’ estava mal programado, não fez aquilo para que foi criado, caso contrário as consequências teriam sido muito mais graves”, indicou o porta-voz da Deutsche Telekom, Georg von Wagner.
‘Malware’, do inglês “malicious software” (software nocivo), é um software destinado a infiltrar-se no sistema de um computador alheio ilicitamente para causar danos, alterações ou roubo de informações.
De acordo com técnicos de segurança informática, citados pelo diário berlinense Tagesspiegel, o ciberataque pode ser oriundo da Rússia.
No passado, vários partidos políticos alemães e também a câmara dos deputados (Bundestag) foram alvo de ciberataques, atribuídos na maior parte dos casos à Rússia.
Antes das eleições presidenciais norte-americanas, as autoridades dos Estados Unidos acusaram a Rússia de aceder ao correio eletrónico do Partido Democrata, o que Moscovo negou.
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