SNS e o momento de preocupação

  • Diogo Serra Lopes, abriu a comunicação de hoje afirmando que se vive um momento de "grande preocupação".
  • "O aumento de casos verificado nas últimas semanas coloca e continuará a colocar uma pressão significativa sobre todo o sistema de saúde e, em particular nesta fase, sobre a saúde pública", afirmou Diogo Serra Lopes.
  • Em termos nacionais, a taxa de ocupação de camas Covid é de 72%. No Norte, a incidência é maior subindo para 76%. "Nas camas de Cuidados Intensivos dedicadas a covid-19 registamos uma taxa de ocupação de 71%, com mais uma vez o valor mais alto a ser registado na Administração Regional de Saúde do Norte (76%)", acrescentou Diogo Serras Lopes.
  • A taxa de letalidade global por covid-19 situa-se atualmente em 2,1%, enquanto acima dos 70 anos é de 11,7%, referiu o governante, para quem o momento é "grande preocupação" com a evolução da pandemia. O secretário de Estado indicou que face aos valores registados em abril, se verificam "menores incidências proporcionais" de internamento em enfermaria e também em Unidades de Cuidados Intensivos, bem como uma diminuição do tempo médio de internamento, relativamente a abril e maio.
  • Passados sete meses sobre os primeiros casos registados em Portugal, o governo considera que o sistema de saúde está mais bem preparado, quer ao nível do reforço de profissionais (mais de 5.000) e de equipamento, quer na elaboração do plano outono/inverno, cuja versão consolidada deverá estar disponível no final da semana. O Serviço Nacional de Saúde, garantiu, está preparado para continuar a expandir a ofertas de camas de enfermaria e de Unidades de Cuidados Intensivos para doente com covid-19.
  • "A serenidade é, especialmente em momentos de crise, essencial para que a resposta que estamos a dar seja a melhor possível, perante a incerteza e a preocupação que todos sentimos", defendeu o secretário de Estado.
  • Questionado sobre a notícia de que em breve os números iriam subir até às 4.000 infeções e de qual seria a capacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o governante salientou que "não há uma resposta evidente de qual é a capacidade máxima do Serviço Nacional de Saúde".
  • "Depende sempre das escolhas que tivermos, nomeadamente à restante atividade que existe dentro do SNS. Diria que a capacidade é bastante elástica. Na conferência de imprensa da semana passada em que falámos deste tema, tínhamos falado em atingir a capacidade mais de 700 camas nos Cuidados Intensivos sem paragem de atividade face às 500 que estão neste momento mobilizadas em Unidades de Cuidados Intensivos", frisou, salientando, contudo, que o "SNS está preparado para continuar a expandir a capacidade", garante Diogo Serras Lopes.

Alta em 10 dias

  • Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, voltou a ser questionada pelos jornalistas relativamente ao tempo de alta em situações de casos ligeiros, falando da recomendação da Organização Mundial da Saúde.
  • "Progressivamente, os serviços adoptarão essa recomendação. A evolução natural será os 10 dias, sem necessidade de testes, para pacientes com doença ligeira a moderada que não tenham tido agravamento dos sintomas e estejam sem febre nos últimos três dias. Será este o critério de alta clínica", que está já a ser utilizado em muitos países", afirmou.

Surtos

  • Ensino: existem 49 ativos, com 449 casos reportados em creches, escolas e universidades (se bem que não estão incluídos todos os alunos de Erasmus). "A parceria entre o Ministério da Saúde e da Educação nunca é um trabalho terminado", começou por aludir Graça Freitas, explicando que de momento estão em cima da mesa três ordens de questões.
  • "Primeiro, responder através de FAQ's às dúvidas mais frequentes dos profissionais; segundo, alinhar o referencial para a educação com os normativos que vão saindo da Direção Geral da Saúde; terceiro, é que entre os dois ministérios trabalhar por forma a monitorizar – sobretudo aqui com o Ministério da Educação – o número de casos independentemente de estarem integrados em surtos", disse.
  • Graça Freitas realçou, porém, os resultados de uma sondagem da Intercampus feita para o jornal Negócios e CMTV/CM que revela que apenas 17% dos inquiridos considera que o regresso às aulas presenciais correu mal. Para a diretora-geral da Saúde, a sondagem confirma o que as autoridades de saúde têm vindo a dizer e manifesta a confiança dos portugueses.
  • "As pessoas viram este regresso à escola como um movimento seguro e positivo, atendendo a que a comunidade escolar mobiliza diariamente e regularmente 1,2 milhões de pessoas, fora as que indiretamente estão ligadas a este movimento, parece-me que de facto no início do ano letivo estas semanas que já decorreram têm um saldo bastante positivo", salientou.
  • Lares: atualmente há registos em 129 lares, com 1.425 casos positivos entre utentes e em 593 profissionais. "Os números que registamos atualmente são efetivamente bastante mais baixos do que os registados na primeira onda nos meses de março de março e abril apesar de o número de novos casos larescomo sabemos ser mais elevado face essa altura", sublinhou Diogo Serra Lopes.
  • Saúde: 28 ativos, em que 326 são casos positivos. Relativamente ao número de profissionais de saúde infetados desde o início da pandemia até terça-feira, Diogo Serra Lopes disse que foram 5.908, 727 dos quais médicos e 1.651 enfermeiros. Do total dos profissionais de saúde infetados, 4.386 já recuperaram.

Ministério da Defesa irá dar apoio ao SNS

  • Diogo Serra Lopes aferiu esta tarde que o Ministério da Saúde tem estado em conversações com o Ministério da Defesa para a possibilidade de os serviços hospitalares de Defesa poderem "efetivamente ser um apoio na situação atual", alongando que "será a primeira linha de resposta caso seja verificada alguma dificuldade dentro do próprio SNS".

Contágios em transportes públicos

  • O presidente da Área Metropolitana do Porto falou hoje à Rádio Renascença e criticou a falta de organização das empresas e escolas quanto ao desfasamento de horários ("se não há desfasamento de horários e se as pessoas têm de sobreviver, obviamente vão apanhar o autocarro todas à mesma hora"). Questionado sobre o tema, o secretário de Estado da Saúde lembrou que as medidas aplicadas visam a utilização dos transportes públicos, mas de modo a que o contacto entre as pessoas seja minimizado.
  • Segundo Diogo Serra Lopes, a "maioria dos contágios não ocorre na utilização dos transportes públicos, mas sim em contexto familiar e em eventos sociais — aquilo que já chamamos aqui nas conferências de imprensa, os BBB [Bodas, batismos e banquetes] — que seriam os principais responsáveis [pelos contágios]".
  • "De qualquer forma, monitorizamos as questões e continuaremos a aplicabilidade das regras que foram criadas", esclareceu.