A multidão que ocupou metade da avenida na baixa portuense, arrancou cerca das 18:20 do Comando Metropolitano do Porto da PSP para cumprir um percurso que acabou estendido da Rua 31 de janeiro até aos Aliados, onde foi preciso esperar cerca de meia hora até a coluna acabar de chegar.

A meio da manifestação chegou a informação de que, pela primeira vez em manifestações do género, integravam a coluna oficiais da Guarda, situação confirmada à Lusa pelo presidente da Associação dos Profissionais da Guarda, César Nogueira.

A desmobilização aconteceu depois das 20:00, após a multidão guardar um minuto de silêncio pelos “colegas e camaradas que tombaram no exercício da profissão” e cantarem o hino nacional empunhando a carteiras profissionais.

Os elementos das forças de segurança exigem o pagamento de um suplemento de missão, tal como tem a Polícia Judiciária.

Solidariedade cristã e um novo olhar sobre a PJ na manifestação no Porto

A manifestação no Porto teve o apoio do bispo Manuel Linda, avisos de que a liberdade pode acabar e um novo olhar sobre o apoio à Polícia Judiciária.

Agendada para começar pelas 17:30, uma hora antes já era difícil circular nas imediações do Comando Metropolitano do Porto da PSP, tendo sido já com o respaldo da multidão que engrossava a cada minuto que o representante da plataforma de sindicatos da PSP e associações da GNR, Bruno Pereira, falou à Lusa.

“Espero que este seja um momento de viragem a vários níveis, de um posicionamento que consideramos censurável por parte deste Governo e que teve o condão, de certa forma, de criar esta unidade. (…) E isto é histórico, não pelo melhor motivo”, disse criticando a forma como o governo tem “tratado os direitos dos polícias”.

Considerando que as forças de segurança atingiram o “seu ponto limite” em face da “indiferença e desrespeito” que sentem, Bruno Pereira recordou todas as vozes que reconheceram o direito dos polícias reclamarem o pagamento de um suplemento de missão, tal como tem a Polícia Judiciária.

Amaro Rocha, pré-aposentado da PSP, exaltou-se na conversa com a Lusa, acusando “vários governos de não terem dignificado as forças de segurança” e criticando o Presidente da República “que esteve bem ao promulgar o subsídio para a PJ e mal ao não exigir que as forças de segurança e forças armadas tivessem o mesmo subsídio”.

“Discriminou-as. Para um estadista é mau, é feio”, gritou, antes de dramatizar mais do discurso prevendo que “o 25 abril vai acabar nos 50 anos”, porque “a liberdade acabou” e afirmar que “o PSD e o PS deviam ter vergonha”, conclusão que arrancou palmas a todos os que estavam por perto.

E já depois de pela primeira vez cantarem o hino na chegada à Rua 31 de janeiro, a frente da manifestação, mais adiante, foi saudada pelo bispo do Porto, Manuel Linda, que explicou, depois, o seu gesto de solidariedade em nome da segurança que os agentes garantiram durante a Jornadas Mundiais da Juventude.

“Estou solidário porque os conheço (…) porque fui bispo das Forças Armadas e das forças de segurança. Sei muito bem o sofrimento, as dificuldades, os perigos que estas senhoras e homens correm no exercício da sua profissão”, disse o bispo, que defendeu uma “nova visão da sociedade para com elas e com eles”.

E prosseguiu: “Durante as Jornadas Mundiais da Juventude tiveram a amabilidade de se dirigirem a mim, dizendo que não obstante as dificuldades, iriam manter a segurança. E assim fizeram. E estou aqui em agradecimento por isso. (…) De uma forma global apoio a luta deles por uma valorização das carreiras e da sua profissão. Eles são os garantes da nossa segurança e liberdade”.

O guarda prisional, Celso Queirós, defendeu uma visão mais corporativa quando questionado pela Lusa sobre a adesão à manifestação, defendendo não “fazer sentido dar um subsídio de missão à PJ e não o dar às outras forças de segurança”.

“Nós queremos ser tratados com igualdade, porque se formos a ter em conta a perigosidade de vida, o risco que correm os profissionais, a PJ corre menos risco que nós, basta ver nos últimos 30 anos quantos agentes da PJ morreram, um. E, agora, nem é bom falar na GNR, PSP e nas agressões que acontecem quase diariamente dentro das cadeias”, concluiu.

(Notícia atualizada às 21h29)