“Há uma carência no sistema em comparação com os dois últimos anos. Temos menos 150 professores”, afirmou o presidente do SDPA, José Pedro Gaspar, numa conferência de impressa, em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, no arranque do novo ano letivo, e na qual a estrutura sindical abordou os vários procedimentos concursais.
O presidente do SDPA indicou, por exemplo, que no ano anterior "saíram para o continente 120 professores e este novo ano letivo saíram 101 docentes", alertando que se trata de "uma situação que todos os anos ocorre", nomeadamente de professores do quadro, experientes", que vão para o continente, contrariando afirmações "repetidas" do secretário regional da Educação e Cultura de que "a careira docente nos Açores é a mais atrativa e a mais aliciante do país".
“Pelo contrário, em lugar do quadro entraram 173 professores e, portanto, temos aqui entre os que saíram para o continente e os que foram admitidos em lugar do quadro um número em défice de 50”, apontou José Gaspar, que disse ainda haver "menos" professores contratados este ano.
Segundo adiantou, "há dois anos foram contratados 648 docentes, no ano passado 658 e este ano 565, o que representa menos 100 professores do que nos dois últimos anos".
José Gaspar sustentou que a redução do número de alunos nas escolas "não pode explicar tudo", acusando a tutela e o Governo regional socialista de "falta de ambição, falta de perspetiva no recrutamento de pessoal docente e na gestão de pessoal docente e falta de estabilidade dos quadros" da classe docente no arquipélago açoriano.
"A avaliação é negativa e não é de agora", frisou o dirigente sindical, para quem "aquilo que é uma aparente poupança de recursos [da tutela] acaba por sair caro".
De acordo com o SDPA, "em simultâneo com o que tem ocorrido nos últimos anos, também no final de agosto deste ano o Governo Regional necessitou novamente de recrutar por via do concurso de oferta de emprego mais de seis centenas de professores e educadores de infância, em regime de contrato de trabalho a termo resolutivo, a fim de poder garantir o regular arranque do ano letivo".
O sindicato voltou a alertar para "a prevalência na região de um número excessivo de docentes em situação de precariedade laboral" a "rondar os 20%", que disse ser devido "à inexistência de qualquer norma limitativa de contratação sucessiva".
José Gaspar reiterou ainda a necessidade de um reforço de recrutamento de professores, em particular, "um maior investimento em anos mais precoces".
O dirigente sindical adiantou também que a estrutura vai ter, na próxima segunda-feira, "uma audiência com o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, no contexto das auscultações para o Orçamento" da região e disse estar "expectante" para abordar igualmente as questões sobre o descongelamento de carreiras.
Na sexta-feira, o secretário regional da Educação, Avelino Meneses, disse esperar, numa cerimónia que assinalou o arranque do ano letivo, na Terceira, o arranque com normalidade a partir de hoje do ano letivo, com os professores colocados nas suas escolas com "o empenhamento de sempre e a saber fazer a distinção entre o que é a missão de ensinar e o que é a reivindicação de pretensões de caráter laboral”.
Os Açores registaram este ano uma quebra de cerca de 1.000 alunos, em comparação com o ano letivo anterior, uma diminuição que segundo o governante é semelhante a anos anteriores e expectável nos seguintes, tendo em conta a redução demográfica.
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