Numa mensagem publicada na rede social Facebook, a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, questionou se a Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) foi avisada que os mísseis vão destruir “todas as evidências” do ataque químico.

“Ou a ideia original é usar mísseis inteligentes para varrer os vestígios da provocação para debaixo do tapete?", acrescentou a representante, afirmando que perante tal ação os peritos (da OPAQ) não vão encontrar quaisquer provas.

A mensagem de Maria Zakharova surgiu momentos depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter avisado a Rússia, através da rede social Twitter, que mísseis "vão começar a chegar" ao território sírio.

"A Rússia prometeu destruir todos e quaisquer mísseis disparados contra a Síria. Prepara-te Rússia, porque eles vão começar a chegar, bons, novos e inteligentes!”, escreveu Trump.

A porta-voz da diplomacia da Rússia, aliada tradicional do regime sírio, frisou ainda na mesma mensagem no Facebook que os mísseis norte-americanos que Trump promete enviar para a Síria devem ter como alvo “os terroristas” e não “o governo legítimo” de Damasco.

“Os mísseis inteligentes devem voar em direção aos terroristas e não em direção do governo legítimo, que luta contra o terrorismo internacional há vários anos no seu território", disse Maria Zakharova.

Na segunda-feira, Trump afirmou que iria responder de forma vigorosa ao alegado ataque químico cometido no sábado contra a cidade rebelde de Douma, na Síria, e prometeu então que a decisão dos Estados Unidos seria conhecida dentro de 24 a 48 horas.

Em declarações aos jornalistas, o chefe de Estado norte-americano referiu ainda na mesma ocasião que não existiam opções fora da mesa.

Já na terça-feira, os Estados Unidos, apoiados por aliados como França e o Reino Unido, admitiram uma resposta militar para eliminar a ameaça de ataques químicos pelas forças do regime de Bashar al-Assad.

Organizações apoiadas pelos Estados Unidos denunciaram que pelo menos 42 pessoas, entre as quais várias crianças, morreram em Douma, o último bastião rebelde em Ghouta Oriental, nos arredores de Damasco, com sintomas associados a um ataque com armas químicas.

A Síria nega qualquer utilização de armas químicas, assim como a Rússia, principal aliado do regime sírio, que afirmou que eventuais ataques ocidentais teriam “graves consequências”.

A OPAQ anunciou na terça-feira que vai enviar “em breve” uma equipa de peritos para a Síria para investigar o alegado ataque químico contra Douma.

A organização, que recebeu um convite oficial do regime sírio para investigar no terreno, “pediu à República Árabe Síria para desencadear os procedimentos necessários para a deslocação”, anunciou a OPAQ em comunicado.