A informação foi hoje avançada pelo diretor-geral da OPAQ, Ahmet Üzümcü, durante a 57.º sessão do conselho executivo daquela agência da ONU em Haia (Holanda).
O representante também indicou que a OPAQ, em resposta a um pedido da Rússia, não vai divulgar as identidades dos membros da equipa nem dos laboratórios que estão envolvidos na investigação ao caso do ex-espião duplo de origem russa Serguei Skripal.
A 04 de março, Serguei Skripal, de 66 anos, e a filha, Yulia, de 33 anos, foram encontrados inconscientes num banco perto de um centro comercial em Salisbury, sul de Inglaterra.
As autoridades britânicas afirmaram que os dois tinham sido envenenados com um agente neurotóxico de tipo militar e responsabilizaram a Rússia pelo incidente que classificaram como um ataque.
A Rússia negou qualquer envolvimento no ataque e o Reino Unido pediu uma investigação à OPAQ.
“Uma vez recebidos os resultados das análises das amostras [recolhidas em Salisbury], vai ser elaborado um relatório com base nesses resultados e será enviada uma cópia do relatório aos Estados-membros”, disse Üzümcü na sua intervenção, depois de salientar que a investigação da OPAQ é “independente” e que a organização “não está envolvida numa investigação nacional”.
A delegação russa propôs uma investigação conjunta com Londres para esclarecer o caso Skripal e exigiu conhecer os detalhes do trabalho desenvolvido pela OPAQ, bem como a identidade dos investigadores e outros pormenores relevantes.
O Reino Unido considerou esta proposta “perversa” e advertiu que não aceita que Moscovo participe nas investigações de um caso no qual responsabiliza diretamente a Rússia.
Na terça-feira, o diretor-executivo do laboratório militar britânico de Porton Down afirmou que as análises realizadas não permitiram determinar onde foi produzido o gás neurotóxico que envenenou o ex-espião Serguei Skripal.
“Conseguimos determinar que é Novichok e determinar que é um agente neurotóxico militar”, disse, na terça-feira, Gary Aitkenhead, numa entrevista à televisão Sky News.
“Não determinámos a sua origem precisa, mas entregámos a informação científica ao governo, que depois recorreu a várias outras fontes”, acrescentou o mesmo responsável.
A substância conhecida como Novichok é uma arma química desenvolvida pela então União Soviética no final do período da Guerra Fria.
O caso Skripal já provocou uma grave crise diplomática entre a Rússia e o Ocidente.
Na semana passada, quase 30 países da Europa – incluindo mais de metade dos Estados-membros da União Europeia -, os Estados Unidos e Austrália, bem como a NATO, decidiram a expulsão de diplomatas russos, afetando um total de mais de 150 funcionários.
Moscovo ripostou adotando medidas idênticas em relação a um número equivalente de diplomatas desses Estados.
O ex-espião continua em estado crítico, mas a filha recuperou na semana passada e está consciente e capaz de falar, segundo as autoridades britânicas.
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