Um número indeterminado de reféns continua esta madrugada dentro do restaurante em Mogadíscio. O ataque começou com a explosão de um carro na entrada do estabelecimento, na quarta-feira à noite, e o grupo extremista Al-Shabab já reivindicou a autoria.
Dois dos homens armados foram abatidos a tiro e dez reféns foram resgatados, mas outros cinco atacantes continuam no interior do restaurante, tendo cortado a eletricidade para dificultar o trabalho das forças de segurança, explicou o capitão da polícia Mohamed Hussein.
Khalif Dahir, condutor de uma ambulância, disse hoje que transportaram 17 corpos e 26 feridos. Entre os mortos está um homem sírio, indicou a polícia. A maior parte das vítimas são homens jovens, que estavam a entrar no Pizza House quando o veículo explodiu, segundo Hussein.
Os atacantes do restaurante “estavam vestidos com uniformes militares e forçaram as pessoas que estavam a fugir a irem para dentro” das instalações do estabelecimento, afirmou uma testemunha, Nur Yasin, à Associated Press.
A explosão destruiu a fachada do edifício e provocou um incêndio. Apesar de o Al-Shabab ter garantido que atacou o restaurante Posh Treats, que é frequentado pela elite da cidade e foi atingido pela explosão, a polícia assegurou que o estabelecimento visado foi o Pizza House.
As forças de segurança socorreram empregados asiáticos, etíopes, quenianos e de outras nacionalidades no Posh Treats, disse Hussein.
O grupo extremista Al-Shabab ataca com frequência áreas privilegiadas de Mogadíscio, como hotéis, pontos de controlo militares e próximos do palácio presidencial. Depois de o recém-eleito governo somali ter lançado uma nova ofensiva militar contra si, o grupo prometeu realizar mais ataques.
No último ano, o Al-Shabab foi o grupo islamita mais mortífero em África, com mais de 4.200 pessoas assassinadas, segundo o levantamento realizado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS, na sigla em inglês).
Este grupo está a sofrer novas pressões militares dos EUA, depois de Donald Trump ter aprovado a expansão de operações, incluindo ataques aéreos, contra o Al-Shabab. No domingo, militares norte-americanos em África fizeram um ataque aéreo no sul da Somália que matou oito membros do grupo num campo de apoio e comando destas milícias.
O presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Mohamed, confirmou este ataque aéreo e disse que tais ataques reduziriam a capacidade do grupo de fazer novos ataques.
Com um novo governo estabelecido, está a subir a pressão sobre a Somália para que os seus militares assumam a responsabilidade total pela segurança do país.
A força multinacional da União Africana (AMISOM, na sigla em inglês), que se tem apoiado no frágil governo com 22 mil efetivos, vai começar a reduzir a sua presença em 2018 e deve sair do país em 2020.
Também na quarta-feira, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) adotou por unanimidade uma resolução que prolonga a missão política da ONU na nação do Corno de África, que se procura reconstruir depois de mais de duas décadas como Estado falhado, até 31 de março de 2018.
No texto, reconhece-se que “este é um momento crítico para a Somália”.
Comentários