“Fizeram-nos perder tempo. É uma burda tentativa de copiar o golpe de Estado no Brasil [destituição de Dilma Rousseff]. Na Venezuela não há condições para que eles [oposição] imponham um golpe de Estado. Aqui se imporá a democracia, a paz e a Constituição”, disse o líder do denominado “bloco da pátria”, composto por deputados socialistas.
Segundo Héctor Rodríguez, atualmente o parlamento “não tem qualquer validade legal, jurídica, nem a força política para impor absolutamente nada”.
“Não somos nem as Honduras, nem o Paraguai, nem o Brasil. Aqui há um povo valente e umas Forças Armadas conscientes”, frisou.
O deputado socialista Earle Herrera atribuiu o acordo aprovado pela Assembleia Nacional no domingo a “uma tentativa de golpe parlamentar”.
No seu entender, o documento é igual ao Decreto de Carmona (em abril de 2002, Pedro Carmona presidiu ao Governo da Venezuela enquanto o então Presidente Hugo Chávez, entretanto falecido, foi afastado temporariamente do poder).
“Só mudam os personagens e alguns deles ainda estão aqui”, disse.
Herrera referiu que desde janeiro passado, altura em que o parlamento passou a ser controlado pela oposição, a maioria parlamentar tem ameaçado os magistrados do Supremo Tribunal de Justiça e as reitoras principais do Conselho Nacional Eleitoral.
O parlamento venezuelano aprovou no domingo, com o voto contra dos socialistas, um acordo declarando que o Governo do Presidente Nicolás Maduro causou “uma rutura da ordem constitucional” ao suspender a realização de um referendo revogatório presidencial.
Segundo o parlamento, essa rutura decorreu através de instituições como o Supremo Tribunal de Justiça, o Conselho Nacional Eleitoral e sete tribunais regionais, situação que a oposição interpreta como “um golpe de Estado” e a instauração de “uma ditadura”.
O parlamento vai “solicitar à comunidade internacional que ative todos os mecanismos necessários para garantir os direitos do povo da Venezuela, em especial o direito à democracia”.
Será feita “uma denúncia, perante a Tribunal Penal Internacional e demais organizações que sejam competentes, contra os juízes [dos tribunais venezuelanos] e as reitoras do Conselho Nacional Eleitoral, responsáveis pela suspensão do processo de referendo revogatório, e os demais funcionários responsáveis pela perseguição política ao povo” venezuelano.
Por outro lado, pretende-se substituir com urgência os magistrados do Supremo Tribunal de Justiça (designados pelo regime ‘chavista’ em dezembro de 2015), para “garantir a independência de poderes e o respeito pelo Estado de direito”.
A assembleia vai iniciar um processo “para determinar a situação constitucional da Presidência da República”, a fim de concluir se o Presidente Nicolás Maduro tem nacionalidade colombiana tendo convocado uma sessão especial para a terça-feira 25 de outubro, como tem sido afirmado por opositores, “para avaliar e decidir sobre a matéria”.
O parlamento exige às Forças Armadas que “não obedeçam nem executem nenhum ato ou decisão que sejam contrários aos princípios constitucionais ou prejudiquem direitos fundamentais do povo da Venezuela”.
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