“Trata-se de uma prova pobre que não avalia de forma equilibrada a aprendizagem prevista no currículo do ensino secundário nem valoriza adequadamente o trabalho desenvolvido pelos alunos e respetivos professores ao longo dos três anos do ensino secundário, situação que, tudo indica, poderá agravar-se no futuro”, conclui a SPM em comunicado hoje divulgado.
Milhares de alunos do ensino secundário fizeram hoje exame nacional do 12.º ano à disciplina de Matemática, prova fundamental no acesso a cursos científicos no ensino superior.
À semelhança do que já havia feito o ano passado, a SPM voltou a criticar o facto de o exame ser feito a pensar em dois currículos, com itens em alternativa, para permitir que os alunos que aprenderam a disciplina com base no anterior currículo, entretanto revogado, não fiquem em desvantagem na prova.
“No presente ano letivo este último já não foi lecionado nas escolas, sendo por isso ainda mais incompreensível esta opção. Os alunos externos que eventualmente pretendessem submeter-se a exame deveriam naturalmente ter uma prova própria, como sempre foi feito no passado aquando de alterações de programa. Sujeitar todos os alunos, em particular todos os que se encontram dentro da escolaridade obrigatória, a outros referenciais eventualmente adequados para alunos que já não estão nessa situação é pura e simplesmente inadmissível”, defendeu a SPM.
Para a organização científica esta opção representa o “travão que o Ministério da Educação quer declaradamente impor” a “currículos organizados” e a uma “avaliação de conhecimentos e capacidades séria e objetiva”, criticando, mais uma vez, a opção educativa pelo programa de flexibilidade curricular, “uma forma encapotada de fazer com que os currículos efetivamente lecionados não possam ser submetidos ao escrutínio público, nivelando por baixo o trabalho das escolas e transformando-as lentamente em verdadeiros centros de Atividades de Tempos Livres”.
Lembrando que os conteúdos dos exames do 11.º ano foram reduzidos devido à flexibilidade curricular, a SPM entende que isso é “prenúncio de uma onda de facilitismo” e considera “notória a transição que o exame de hoje pretende fazer, na passagem de uma avaliação digna e pertinente para uma avaliação sem fiabilidade, ‘a fingir’ e até, por vezes, caricata”.
Sobre o conteúdo da prova, a SPM critica itens cuja complexidade de raciocínio exigida está ao nível do 2.º ciclo, que não se peça para justificar resultados obtidos por uso da calculadora – que “constitui a antítese do método científico e da boa utilização da tecnologia, que deve ser sempre acompanhada de espírito crítico – e de serem colocadas questões de nível “demasiado trivial” para alunos a concluir o ensino secundário.
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