Um porta-voz militar confirmou à AFP que nove soldados foram "presos para serem interrogados" no caso. Segundo a imprensa israelita, o prisioneiro é um palestiniano que supostamente foi vítima de maus-tratos no centro de detenção de Sde Teiman, localizado no deserto de Neguev, no sul de Israel.

O porta-voz havia afirmado anteriormente que a investigação foi aberta "devido a suspeitas de maus-tratos significativos a um detido no centro de detenção de Sde Teiman", sem fornecer mais detalhes.

O Clube de Prisioneiros Palestinianos, ONG palestiniana que defende os detidos por Israel, acusou os soldados de “violação”, denunciando o que chamou de “novo crime contra um detido no campo de Sde Teiman cometido por um grupo de carcereiros”, declarou à AFP seu diretor, Abdallah al Zaghar.

Ao saber da prisão dos soldados, vários israelitas, incluindo o deputado ultranacionalista Zvi Sukkot, tentaram entrar na prisão para manifestar apoio, mas foram impedidos pela polícia, segundo imagens transmitidas pela TV. Posteriormente, a TV exibiu imagens de outros manifestantes diante da base militar onde os militares detidos estavam a ser interrogados.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o comandante do Exército, general Herzi Halevi, condenaram esses protestos espontâneos. O ministro da Defesa, Yoav Gallant, também criticou a manifestação, e ressaltou que "a lei aplica-se a todos, mesmo nos momentos difíceis".

O centro de detenção de Sde Teiman foi criado para abrigar palestinianos capturados na Faixa de Gaza após o início da guerra entre Israel e Hamas, que começou com uma incursão letal de milicianos islamitas a 7 de outubro.

A Amnistia Internacional pediu a Israel que "cesse as detenções em massa em regime de isolamento e a tortura de pessoas palestinas de Gaza".

A ONG indicou ter recolhido depoimentos de 27 palestinianos que denunciaram ter sido submetidos a "tortura e a outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes" enquanto estiveram presos.