“A opção por Custódio foi uma aposta que poderá ter soado a muitos como um improviso, mas que, numa análise mais cuidada, reflete uma preparação longa e metódica, que começou bem antes daqueles primeiros meses de 2017, quando o Sporting de Braga o convenceu a concluir a carreira de jogador e a abraçar a estrutura técnica do clube”, pode ler-se no sítio oficial dos minhotos, no lançamento de uma entrevista ao treinador dividida em três partes (hoje, sábado e domingo).
Depois de duas épocas como treinador adjunto da equipa B, Custódio Castro passou esta temporada a técnico principal dos sub-17 do Sporting de Braga e, no início de março, foi chamado a substituir Rúben Amorim, transferido para o Sporting.
O técnico, de 36 anos, revelou que desde “muito cedo” se apercebeu que seria treinador após concluir a carreira de jogador.
“Eu diria que muito cedo [nasce o Custódio treinador], porque sempre me fascinou a razão do que fazíamos. Já com 22/23 anos eu sentia que tinha de perceber muito bem as coisas, mais do que muitos dos meus colegas, que porventura tinham uma competência e uma sensibilidade enormes para o jogo, mas não refletiam sobre ele, pelo que o que faziam era automático e vinha da grande aptidão que tinham enquanto jogadores”, explicou.
Revelando que “não gostava de fazer as coisas por fazer, gostava de saber porque é que as fazia”, Custódio Castro assume-se como “um apaixonado pelo jogo”.
“O futebol sempre foi muito mais do que a minha atividade profissional. Eu sei que, hoje em dia, o futebol nos abre imensos caminhos, seja no agenciamento, seja em muitas outras tarefas que eu sei que podia seguir para continuar ligado ao futebol, mas a mim nunca me fascinou outra coisa que não fosse o campo e percebi muito cedo que seria assim”, afirmou.
Considerando que “os jogadores, hoje, são muito reservados perante o treinador”, o antigo internacional português defende a importância da discussão de ideias.
“Gosto de os pôr a falar, porque a minha forma de compreender o jogo era questionar, falar, procurar compreender. Como treinador, vou sempre puxar os jogadores para o diálogo e para a compreensão daquilo que fazemos, porque entendo que isso é fundamental. No Sporting de Braga, por exemplo, gostava de discutir com o Sérgio Conceição, gostava de lhe pôr problemas. O Paulo Bento, que foi meu colega e depois meu treinador [no Sporting], também era alguém que estimulava esse debate”, lembra.
Custódio Castro, que só orientou um jogo na I Liga antes da interrupção devida à pandemia de Covid-19 (vitória caseira sobre o Portimonense por 3-1), destacou também algumas referências como treinadores.
“José Mourinho, Jorge Jesus, Paulo Fonseca, Fernando Santos, por quem tenho muita estima, mas também Manuel José, pela sua liderança e pela sua frontalidade, e Vítor Oliveira, de quem aprecio muito a forma simples de comunicar e os bons trabalhos que tem feito”, elencou.
Custódio Castro disse ainda ter “bebido muito e de muitas fontes”.
“Para mim, foi um privilégio ter estado perto do Abel [Ferreira] quando fui adjunto do Sporting de Braga B e ele estava na equipa principal. Nessa fase, que foi importante para a organização das minhas ideias, percebi que há várias coisas que partilhamos. Não sei se está tudo inventado, a verdade é que o jogo não para de evoluir e ninguém vai longe se quiser apenas copiar alguém. Nós, treinadores, estamos sempre à procura de fazer melhor e diferente e eu não sou, nem serei, exceção”, disse.
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