O submarino, com uma guarnição de 36 militares, partiu hoje da Base Naval de Lisboa, situada em Almada, distrito de Setúbal, rumo à operação ‘Brilliant Shield’, da Aliança Atlântica.
Aos jornalistas, na cerimónia de despedida, o Chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Henrique Gouveia e Melo, salientou que esta missão “tem uma importância elevada” para a Marinha porque é a primeira vez que um submarino português vai operar “por baixo do gelo Ártico”.
“Vamos operar numa zona que é a entrada normal de navios opositores dentro do Atlântico, que de alguma forma faz uma barreira a essa entrada no Atlântico”, explicou.
Depois de no verão do ano passado o Arpão ter passado 120 dias numa missão no Atlântico Sul, na primeira vez que um submarino nacional cruzou a linha do Equador, agora a Marinha quer mostrar aos Aliados que consegue operar num cenário oposto, debaixo de gelo.
Além disso, afirmou Gouveia e Melo, “Portugal com este tipo de missão responde ‘presente’ a quem tenha intenções e acredite que tem a possibilidade de agredir a NATO, agredindo também a Europa”.
“Estas missões dão um sinal muito claro de dissuasão a quem pensa que poderá estender o conflito além do que está a acontecer na Ucrânia neste momento”, avisou.
O comandante da missão, o capitão-de-fragata Taveira Pinto, apontou que o submarino vai navegar até uma zona desconhecida e à qual os submarinistas não estão habituados, que terá características diferentes quanto à “densidade da água, da coluna da água, da propagação do som”.
“Isso obrigou-nos a um planeamento e a um estudo pormenorizado. Não o fizemos sozinhos, fizemos com os países aliados, nomeadamente os Estados Unidos da América, o Canadá e a Dinamarca para irmos mais bem preparados”, frisou.
Na guarnição vão três alunos do curso de submarinista, entre eles o engenheiro naval Daniel Santos Baptista, de 24 anos, que parte pela primeira vez numa missão.
Daniel Santos afirmou que a sua preparação é “definitivamente mais mental” do que física, nomeadamente no que diz respeito ao “conhecimento da plataforma e de procedimentos de segurança”.
“Neste momento estou na parte da formação, portanto, estou a aprender o máximo sobre o submarino, sobre a vida a bordo”, afirmou.
Mais experiente, a sargento Paula Oliveira, 39 anos, visivelmente emocionada, afirmou que as missões preparam-se todas “com o mesmo rigor”, onde quer que sejam.
“A única diferença aqui é o desconhecido, é aquilo que nós não sabemos que vamos encontrar”, sublinhou a militar, uma das duas mulheres a bordo.
A sargento é responsável pelo sistema de combate e garante que “tudo está a funcionar inclusive os sonares” que são os “olhos” do submarino quando está submerso.
Na cerimónia estiveram vários familiares dos militares que hoje partiram em missão.
O regresso está marcado para o dia 19 de junho.
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