Através da plataforma social Twitter, Augusto Santos Silva referiu que o Governo português "apoia os recentes comunicados emitidos" pela alta representante e vice-presidente da Comissão Europeia, Federica Mogherini, e pelo presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat.

Na declaração partilhada hoje, o chefe da diplomacia portuguesa referiu que "apela ao estabelecimento de um processo de transição política credível, pacífico e inclusivo".

Durante a manhã de quinta-feira, o ministro da Defesa do Sudão, Awad Ahmed Benawf, surgiu em uniforme militar na televisão pública sudanesa e anunciou a destituição de al-Bashir e a realização de "eleições livres e justas" após um período de transição de dois anos, durante o qual o país será governado por um conselho de transição militar.

Os militares decretaram estado de emergência para os próximos três meses, suspenderam a Constituição e fecharam as fronteiras e o espaço aéreo do país.

Hoje, um oficial do Exército sudanês afirmou que as autoridades militares não vão extraditar o Presidente deposto Omar al-Bashir, mas irão julgá-lo no país, de acordo com a agência de notícias AP.

O coronel Omar Zein Abedeen fez as declarações numa conferência de imprensa realizada hoje na capital, Cartum, defendendo a retirada militar de Al-Bashir do poder.

O Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, foi destituído e detido na quinta-feira pelas Forças Armadas, depois de mais de quatro meses de contestação popular.

Os protestos, inicialmente motivados pelo aumento dos preços do pão e de outros bens essenciais, acabaram por transformar-se num movimento contra Al-Bashir, que liderava o país desde 1989, quando chegou ao poder através de um golpe de Estado.

Omar al-Bashir é alvo de dois mandados de detenção do TPI por genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade cometidos durante o conflito em Darfur (oeste do Sudão), que, de acordo com as Nações Unidas, causou mais de 300.000 mortos desde 2003 e obrigou cerca de 2,5 milhões a abandonarem as suas casas.