Poucos meses depois da catástrofe nuclear de Fukushima, provocada pelo terramoto e 'tsunami' que afetaram o Japão em março de 2011, o governo suíço decidiu fechar lentamente as centrais nucleares. No entanto, não existe a calendarização necessária para executar a medida.

O governo espera encerrar os cinco reatores que produzem um terço da energia elétrica da Suíça que, terminado o seu tempo de vida útil, não serão substituídos.

Porém, todas as centrais nucleares suíças operam com licenças que lhes permitem continuar em funcionamento, desde que cumpram e sigam os critérios de segurança.

Por este motivo, as associações de defesa do meio ambiente criaram uma iniciativa, em 2011, para que nenhum reator esteja em atividade por mais de 45 anos. Seguindo esta premissa, três dos cinco em funcionamento devem fechar portas em 2017.

"Sem uma data limite, vamos ter que aguardar por uma falha ou incidente para que se verifique o encerramento das centrais nucleares", afirmou Mahtias Schlegl, porta-voz da iniciativa dos Verdes.

"Ao fixar em 45 anos a duração máxima de funcionamento dos reatores suíços, evitamos a sua exploração além do que é razoável", explicou.

Caso o "Sim" vença no domingo, a central de Beznau, em operação há 47 anos em Aargau, perto da fronteira com a Alemanha, fechará as portas em 2017.

Beznau é a central nuclear mais antiga do mundo desde o encerramento do reator de Oldsbury, no Reino Unido, em 2012. Atualmente tem os dois reatores parados para manutenção.

A central de Muhlberg, em operação desde 1972, em Berna, também terá que interromper as operações em caso de triunfo da iniciativa dos ecologistas.

Seguem-se as centrais de Gosgen, em Soleure, e Leibstadt, em Aargau, com encerramento previsto para 2024 e 2029, respetivamente.

O governo, favorável ao desmantelamento mais lento das centrais, é resoluto na avaliação à proposta avançada pelos ecologistas.

"Será impossível compensar a tempo o abandono da energia nuclear com uma energia elétrica procedente de fontes renováveis", advertiu num relatório.

"Seríamos obrigados a importar uma grande quantidade de energia elétrica nos próximos anos, o que além de fragilizar a nossa capacidade de abastecimento, não faz sentido do ponto de vista ecológico, uma vez que a eletricidade produzida no exterior procede, geralmente, de centrais de carvão", completa o documento.

O "Sim" tem vantagem de 48% a 46% nas sondagens mais recentes, mas a diferença caiu 10 pontos percentuais no último mês.

Perto de 33% da energia elétrica da Suíça tem origem nuclear, sendo que os restantes 60% procedem das centrais hidroeléctricas e apenas 4% das energias renováveis.