Este crítico de longa data do Presidente russo, Vladimir Putin, foi condenado em abril de 2023 por “traição” e divulgação de “informações falsas” sobre a agressão militar russa à Ucrânia. O mais alto tribunal da Rússia confirmou hoje a sentença, na ausência do arguido, preso na Sibéria.
A sua advogada, Maria Eïsmont, indicou que o seu cliente, que há anos sofre de graves problemas de saúde devido a dois envenenamentos que a oposição imputa às autoridades russas, poderá não sobreviver em reclusão, tal como Alexei Navalny, figura da oposição envenenada em 2020 e cuja morte na prisão foi anunciada em fevereiro deste ano.
Desde setembro que Vladimir Kara-Murza, de 42 anos, se encontra numa cela de isolamento punitivo conhecida como “chizo”.
“Nessas condições, é muito difícil sobreviver”, observou a advogada.
“Desde setembro do ano passado, não vê outro recluso”, indicou Maria Eïsmont, acrescentando que só lhe são permitidas “oito horas” por dia para se estender na cama e “90 minutos” para tratar do correio.
“As visitas são proibidas”, prosseguiu, precisando que o opositor foi também privado de telefonemas e não pôde falar com a mulher no dia do 25.º aniversário de casamento, nem com a filha no dia em que completou 18 anos.
A advogada não quis fornecer pormenores sobre o estado de saúde do cliente, que já em abril tinha considerado “preocupante”.
Declarou-se, contudo, “satisfeita” por os tribunais russos não terem obrigado Kara-Murza a comparecer hoje perante o Supremo Tribunal, uma vez que tal o teria obrigado a uma penosa viagem de 2.700 quilómetros num comboio prisional, um percurso que poderia levar semanas.
No início de maio, o Reino Unido solicitou a libertação imediata de Vladimir Kara-Murza, que também tem nacionalidade britânica, para que este pudesse ter acesso a cuidados médicos “urgentes”.
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