O ministro da Defesa taiwanês disse que as Forças Armadas chinesas combinam métodos de pressão “regulares e irregulares”, recorrendo a uma grande variedade de instrumentos, tais como ataques na “zona cinzenta”, treinos conjuntos mar-ar e manobras militares, a fim de “verificar continuamente a sua capacidade de atacar Taiwan e de resistir a forças estrangeiras”.

“Por conseguinte, as Forças Armadas [de Taiwan] devem estar preparadas com antecedência, incorporando estes cenários nos seus exercícios e verificando a sua capacidade de responder à possível transição do treino [militar] para o exercício, e do exercício para a guerra”, afirmou Wellington Koo Li-hsiung.

Quanto a uma eventual ação militar da China contra Taiwan, Koo insistiu que o tempo de reação das Forças Armadas da ilha “pode não ser tão longo como se pensava”, pelo que estas devem estar preparadas para responder a um eventual “agravamento das circunstâncias”.

Desde que o líder de Taiwan, William Lai Ching-te, tomou posse há quatro meses, a China aumentou a sua pressão militar sobre a ilha, cujo governo propôs aumentar o orçamento da Defesa para um “máximo histórico” de 647 mil milhões de dólares taiwaneses (cerca de 18 mil milhões de euros) até 2025.

Wellington Koo afirmou que o Governo está atualmente a concentrar-se no desenvolvimento de “capacidades assimétricas”, através da melhoria das forças de reserva, reforço da resiliência operacional e mantendo o equipamento tradicional e as armas convencionais “para fazer face às incursões chinesas na zona cinzenta”.

O ministro referiu ainda que o recém-criado grupo de tecnologia de defesa avançada de Taiwan estabeleceu contactos com a Unidade de Inovação de Defesa do Exército dos EUA para se concentrar no desenvolvimento de sistemas de aparelhos aéreos não tripulados (conhecidos como drones), armas anti-drones e utilização de inteligência artificial em equipamento militar.

No caso de o setor privado de Taiwan não ter capacidade para fabricar estes artigos, o governo procurará “apoio internacional”, não excluindo a possibilidade de “produção conjunta” com os EUA, disse Koo.

“A integração na cadeia de abastecimento internacional ainda tem de ser discutida, especialmente porque a produção sob a marca de Taiwan pode não ser viável devido a diferenças internas. No entanto, Taiwan pode tornar-se um elo fundamental, dada a sua liderança em tecnologias avançadas, como os semicondutores, e tirar partido da atual tendência de afastamento da China por parte de vários países”, afirmou o ministro.

A ilha de Taiwan – para onde o exército nacionalista chinês se retirou depois de ter sido derrotado pelas tropas comunistas na guerra civil – é governada de forma autónoma desde 1949, embora a China reivindique a soberania da ilha, que considera uma província rebelde para cuja “reunificação” não exclui o recurso à força.