Os talibãs e o Governo dos EUA acertaram assinar em breve um acordo de paz que permitirá a Washington retirar as tropas do Afeganistão e assegurar o final dos conflitos que envolvem também as forças fiéis ao regime de Cabul, no final de mais de um ano de negociações.
O número dois dos talibãs, Sirajuddin Haqqani, escreveu hoje num artigo no jornal norte-americano The New York Times que a sua organização está empenhada em colocar fim a um conflito militar no Afeganistão que dura desde 2001.
“Estamos prestes a assinar um acordo com os Estados Unidos e estamos totalmente comprometidos em aplicar todas as suas disposições”, escreveu o líder da fação Haqqani, uma das mais sangrentas do movimento rebelde talibã.
O acordo entre os talibãs e os Estados Unidos, depois de assinado, permitirá o início da próxima fase de negociações, desta vez entre os rebeldes e o Governo de Cabul, para a definição de um tratado de paz de longa duração.
Até agora, os talibãs tinham-se sempre recusado a discutir com as autoridades afegãs, que acusavam de serem manipuladas pelo Governo de Washington.
“Estamos comprometidos em trabalhar com as outras partes, num espírito de (...) respeito sincero, a fim de acordar um novo sistema político inclusivo”, escreveu Sirajuddin Haqqani.
Outra questão importante, disse o líder talibã, é que os direitos das mulheres sejam respeitados na sua fórmula de aceitar que terem sido “concedidos pelo Islão", para ir ao encontro da interpretação fundamentalista do movimento rebelde.
Sirajuddin Haqqani também tranquilizou os insurgentes talibãs dizendo que ficará assegurado o impedimento de que grupos extremistas encontrem refúgio no Afeganistão, para planearem ataques noutros lugares.
“Não é do interesse de nenhum afegão permitir que esses grupos tomem o nosso país como refém e o tornem um campo de batalha”, afirmou o líder talibã.
A decisão editorial do jornal The New York Times, de publicar este artigo de Haqqani, provocou fortes críticas nas redes sociais.
“Não acredito! O homem que matou centenas de amigos americanos, milhares de afegãos, que está na lista negra do Conselho de Segurança da ONU e que todos os afegão odeiam escreveu no New York Times”, disse o coronel Rahman Rahmani, um piloto afegão, na sua conta da rede social Twitter.
“O New York Times decidiu ampliar e promover as mensagens dos terroristas mais odiados do mundo - de uma afiliada da Al-Qaeda”, reagiu Saad Mohseni, chefe do maior grupo de imprensa do Afeganistão, também no Twitter.
"Uma entrevista é uma coisa, mas permitir que um homem se expresse sem contraditório é uma vergonha", acrescentou o ‘publisher’.
O especialista talibã Rahimullah Yusufzai, descreveu o artigo como um “bom exercício de relações públicas” para os insurgentes talibãs, porque “não há melhor plataforma de ‘media’” do que este jornal nova-iorquino.
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