Em comunicado, o partido do antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes que se encontra em processo de formalização no Tribunal Constitucional, considera que “o chefe do Governo e o Presidente da República, comandante Supremo das Forças Armadas, devem assumir a decisão que se impõe para defesa da imagem interna e externa das instituições do Estado e para bem de Portugal”.
“Realidade incontestável - e independente do antes referido - é o reconhecimento da excessiva fragilidade política que a sucessão inconcebível de eventos do processo de Tancos, provocou no titular da pasta da Defesa Nacional”, refere o Aliança em comunicado.
“É óbvio que a salvaguarda mais elementar do respeito devido às Forças Armadas e a outras entidades relevantes do Estado, não permite outra conclusão que não seja a de que o ministro não tem condições para continuar no cargo”, acrescenta.
A Aliança entende que os factos ocorridos, “cuja gravidade não pode ser silenciada e que respeitam ou envolvem instituições da Justiça, da Administração Interna e da Defesa Nacional, suscitam fundadas preocupações”.
A 25 de setembro, a Polícia Judiciária deteve, no âmbito da Operação Húbris, que investiga o caso da recuperação, na Chamusca, em outubro de 2017, das armas furtadas em Tancos, o diretor e outros três responsáveis da PJM, um civil e três elementos do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé.
Na segunda-feira chegou a Portugal e foi detido o major Vasco Brazão, que foi porta-voz da PJM e estava em missão na República Centro-Africana.
Segundo o Ministério Público, em causa estão “factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, recetação, detenção de arma proibida e tráfico de armas”.
O furto de material militar dos paióis de Tancos - instalação entretanto desativada - foi revelado no final de junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições
A edição online do semanário Expresso divulgou na quinta-feira que o ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar (PJM), major Vasco Brazão, disse ao juiz de instrução da investigação à recuperação do material militar furtado em Tancos que, no final do ano passado, e já depois de as armas terem sido recuperadas, deu conhecimento ao ministro da Defesa, juntamente com o então diretor daquela polícia, da “encenação montada em conjunto com a GNR de Loulé em torno da recuperação as armas furtadas” do paiol nacional de Tancos.
De acordo o Expresso, que refere fontes do processo, Vasco Brazão garantiu no tribunal que entregou pessoalmente no final do ano passado um memorando com a explicação de toda a operação ao chefe de gabinete de Azeredo Lopes, acrescentando que o tenente-general Martins Pereira contactou telefonicamente o ministro, à frente dos dois militares da PJM, para o informar da situação.
Ainda na quinta-feira, em Bruxelas, o ministro da Defesa Nacional negou “categoricamente” que “tenha tido conhecimento de qualquer encobrimento neste processo”.
“Não tive conhecimento de qualquer facto que me permitisse acreditar que terá havido um qualquer encobrimento na descoberta do material militar de Tancos", afirmou.
Ao início da noite de quinta-feira, num e-mail enviado à agência Lusa, o ex-chefe de gabinete do ministro da Defesa admitiu que recebeu em novembro o coronel Luís Vieira e o major Brazão, mas nunca “descortinou” qualquer "indicação de encobrimento de eventuais culpados do furto de Tancos".
Hoje, o primeiro-ministro, António Costa, garantiu que mantém a confiança no ministro da Defesa, Azeredo Lopes, considerando que, sobre o caso de Tancos, "falta muita coisa esclarecer, desde logo a captura dos ladrões".
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