Numa pergunta hoje entregue na Assembleia da República, assinada pelo líder parlamentar do PSD Fernando Negrão e pelo vice-presidente da bancada Carlos Peixoto, os sociais-democratas recordam que, no debate quinzenal de 26 de setembro, o primeiro-ministro foi questionado sobre se mantinha a confiança política no seu anterior ministro da Defesa, Azeredo Lopes, a propósito das revelações sobre o furto e posterior reaparecimento de material militar de Tancos.

“Como é público e notório, não só mantenho o meu ministro como mantenho a ministra da Justiça. Mantenho todos os membros do Governo”, respondeu então António Costa.

Para o PSD, com esta resposta, e uma vez que “ninguém havia questionado sobre a responsabilidade da ministra da Justiça no caso de Tancos”, “ficou no ar a interrogação sobre a existência de algum tipo de responsabilidade política” de Francisca Van Dunem em relação aos acontecimentos de Tancos.

“Qual é o grau de conhecimento que a senhora ministra da Justiça tem em relação aos acontecimentos de Tancos? Que justificação encontra para o senhor primeiro-ministro ter falado no seu nome no debate quinzenal, colocando-a no mesmo nível de responsabilidade política do então ministro da Defesa?”, questiona o PSD, na pergunta hoje entregue na Assembleia da República.

Os sociais-democratas perguntam ainda a Francisca Van Dunem se não considera que a afirmação do primeiro-ministro “suscita fortes suspeitas” sobre a sua “eventual responsabilidade política em relação aos acontecimentos de Tancos”.

O furto do armamento dos paióis de Tancos foi noticiado a 29 de junho de 2017, e, quatro meses depois, foi recuperada parte das armas.

Em setembro, a investigação do Ministério Público à recuperação do material furtado, designada Operação Húbris, levou à detenção para interrogatório de militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR.

Na mesma altura, foi noticiada uma operação de encenação e encobrimento na operação, alegadamente organizada por elementos da Polícia Judiciária Militar, que dela terão dado conhecimento ao chefe de gabinete do ministro da Defesa, Azeredo Lopes.

Azeredo Lopes demitiu-se, entretanto, e foi substituído por João Gomes Cravinho.

O general Rovisco Duarte também apresentou a demissão de Chefe do Estado-Maior do Exército, tendo sido substituído pelo general José Nunes da Fonseca.