As autoridades russas na Crimeia aprisionam cada vez mais ativistas dos direitos humanos em hospitais psiquiátricos, submetendo-os a abusos psicológicos. Para Robert van Voren, ativista holandês dos direitos humanos, “o número de casos aumentou consideravelmente nos últimos anos, em particular contra os tártaros da Crimeia e contra os ativistas ucranianos que se opõem à anexação da Rússia”, cita o The Guardian.

Emil Kurbedinov, advogado na Crimeia, diz que os ativistas enfrentam condições terríveis nos hospitais: “alguns são colocados em isolamento e ignoram-se as suas necessidades básicas. Outros são colocados junto de pessoas que têm vários problemas de saúde mental”. Entre dezembro e março, dez ativistas foram enviados à força para um hospital. Quatro permaneceram nas instalações e os restantes foram transferidos para uma prisão.

Para o advogado, que foi detido em janeiro, a libertação surgiu por via da Amnistia Internacional, que alegou que as acusações se prendiam unicamente com o seu trabalho para os direitos humanos. Kurbedinov viu nesta libertação o apoio de todas as pessoas, independentemente de serem ativistas ou não, que lhe “mostraram que a sociedade civil está viva e que as pessoas não são indiferentes às violações dos direitos humanos”.

Nos hospitais, os ativistas - que foram presos por suspeita de envolvimento com a Hizb ut-Tahrir, que a Rússia declarou como um grupo terrorista - são interrogados acerca das suas opiniões sobre o governo e são proibidos de falar com as famílias. Segundo Kurbedinov, “tudo isto viola o direito internacional”.

Segundo um relatório da Crimea SOS, um grupo ucraniano de defesa, 43 ativistas tártaros foram aprisionados desde a anexação da região. Entre estes, 18 encontram-se ainda desaparecidos e seis foram encontrados mortos.

Quanto à utilização da psiquiatria como forma de punir dissidentes, esta foi uma técnica utilizada nas últimas décadas da era soviética. No entanto, o atual presidente russo, Vladimir Putin, também já caiu sob suspeita de recorrer ao mesmo método. De acordo com Yuri Savenko, psiquiatra e chefe da Associação Psiquiátrica Independente na Rússia, esta é uma prática comum nos julgamentos criminais russos “onde não há provas concretas”.

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