Esta terça-feira, uma operação realizada pela Polícia Judiciária, nomeadamente no Ministério da Defesa, em Lisboa, por suspeitas de corrupção e outros crimes no exercício de funções públicas, levou à detenção de cinco pessoas, num total de 19 arguidos.
Segundo um comunicado da PJ, a operação, realizada também no Porto, Alter do Chão, Almada e Comporta, envolveu a execução de 59 mandados de busca, dos quais 29 buscas domiciliárias e 30 buscas não domiciliárias, visando "a recolha de elementos probatórios complementares e relacionados com suspeitas de práticas criminosas no exercício de funções públicas, sob investigação".
Segundo o que foi noticiado pela imprensa, há três altos quadros da Defesa entre os cinco detidos. Quem são eles?
Um dos detidos, de acordo com a CNN Portugal, será o ex-diretor-geral de Recursos da Defesa Nacional Alberto Coelho, que está alegadamente envolvido na derrapagem nas obras de requalificação do Hospital Militar de Belém. Em causa estão gastos de cerca de 3,2 milhões de euros na empreitada para reconverter o antigo Hospital Militar de Belém, em Lisboa, num centro de apoio à covid-19, sendo o orçamento inicial da obra 750 mil euros. A derrapagem foi revelada por uma auditoria da Inspeção Geral da Defesa Nacional (IGDN), que visou a atuação de Alberto Coelho, ao notar a “ausência de competência (…) para autorizar a despesa”, entre outros aspetos.
De acordo com o Expresso, os outros dois altos quadros são Francisco Marques, diretor de Serviços de Infraestruturas e Património, e Paulo Branco, ex-diretor da Gestão Financeira do Ministério da Defesa.
Além destes três funcionários civis do Ministério da Defesa, foram também detidos dois empresários da área da construção civil, noticia o semanário.
A operação da Polícia Judiciária, designada "Tempestade Perfeita", contou - de acordo com a PJ - com a colaboração de diversas Unidades Nacionais, Diretorias, Departamentos de Investigação Criminal e Unidade de Informação Financeira, para além do apoio da Unidade de Perícia Tecnológica Informática e da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística da PJ, tendo participado cerca de 200 investigadores e peritos, para além de um juiz e dois procuradores.
"Está em causa uma investigação criminal cujo objeto visa apurar da eventual prática, entre o mais, de crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, participação económica em negócio, abuso de poder e branqueamento, ilícitos relacionados com adjudicações efetuadas, por parte de Organismo da Administração Central, a diversas empresas, as quais lesaram o Estado português em muitos milhares de euros", refere a PJ.
Na sequência deste caso, o presidente do Chega veio hoje defender a demissão do ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, anterior titular da Defesa Nacional.
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