O que faziam o seu pai e a sua mãe?

A minha mãe fazia limpezas em algumas casas em Coimbra e o meu pai era guarda-florestal.

Não posso deixar de perguntar pelo aviso publicado em Diário da República no início do ano, o concurso para admitir 200 guardas-florestais da GNR, desde que não tivessem hemorróidas, não fossem estrábicos, carecas, gagos, etc. Faz sentido?

Não faz sentido nenhum. Como não faz sentido ter-se desmantelado, como se desmantelou, o sistema de guardas-florestais em Portugal. Assisti em primeira-mão ao que foi o desmantelamento dos serviços florestais em Portugal. Toda a gente, pelo menos até à minha geração, se lembra de haver guardas-florestais, que tinham casas para fazerem a manutenção das florestas, da fauna, o reequilíbrio dos ecossistemas, prevenção. Agora não temos nada disso, a partir de certa altura essas pessoas foram impulsionadas a reformar-se antes da idade da reforma.

Tem irmãos?

Tenho dois.

Qual o seu maior medo?

Perder pessoas de quem gosto e que amo.

Quem foi o pior primeiro-ministro de todos os tempos?

Cavaco Silva.

A pessoa que mais admira?

A minha mãe. Em termos internacionais, Nelson Mandela.

Qual o seu maior defeito?

Acho sempre que os defeitos e as qualidades são espelhos uns dos outros.

Qual a sua principal qualidade?

Sou muito de não largar as coisas que tenho em mãos e isso pode ser uma qualidade ou um defeito, depende da perspetiva. Tenho muita dificuldade em desistir até ao último minuto, sou um bocadinho teimosa.

A maior extravagância que alguma vez fez?

Infelizmente não sou de grandes extravagâncias, porque acredito que as pessoas devem ter de tudo na vida, incluindo extravagâncias… Ter feito uma viagem longa só para estar com uma amiga no dia em que ela ia receber o resultado de um exame médico para saber se tinha ou não cancro. Foi bastante caro e extravagante.

Qual o seu filme de eleição?

Ui, tantos. Mas talvez… São muitos. “As Invasões Bárbaras”, de Denys Arcand. Gosto bastante.

Que traço de perfil tem de ter alguém para trabalhar consigo?

Ter sentido de equipa.

Mente?

Não.

Qual é o pior pecado?

Silenciar.

O que a faz perder a cabeça?

A mentira é uma das coisas capaz de me pôr de cabeça perdida. E a sensação de injustiça.

Qual a virtude mais sobrevalorizada?

A generosidade. Acho que é necessária, mas é muitas vezes tão em função dos outros como de quem a pratica.

O que a deixa feliz?

Brincar com os meus sobrinhos, por exemplo.

Se pudesse mudar alguma coisa na Europa imediatamente, o que mudaria?

Já? Acabava com os paraísos fiscais. Sinceramente, não há desculpa para continuar com isto.

Como gostaria de ser lembrada?

Sei lá. Pelo sorriso, talvez.

Se fosse uma personagem de ficção, quem seria?

Gosto da Princesa Leia [riso]. Para republicana, na luta contra o mau império.

Quem não tem direito a uma segunda oportunidade?

Sinceramente não sei… Um violador.

O melhor presidente da República de sempre?

Jorge Sampaio.

Se fosse um animal, que animal seria?

Acho que nuns dias cão, noutros dias gato.


Esta série de perguntas rápidas faz parte da entrevista ao cabeça de lista do BE às Eleições Europeias, disponível aqui. Marisa Matias não foi a única, leia todas as conversas com os candidatos no especial Europa 2019 do SAPO24.