“Não víamos as armas nucleares desempenharem um papel tão importante nas relações internacionais desde a Guerra Fria”, disse Wilfred Wan, que dirige um programa sobre as armas de destruição em massa do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (Sipri, sigla em inglês).

Os nove Estados que possuem armas nucleares - Rússia, Estados Unidos, França, Índia, China, Israel, Reino Unido, Paquistão e Coreia do Norte - modernizaram os seus arsenais, e vários deles implantaram novos sistemas em 2023.

Em janeiro passado, 9.585 das mais de 12.000 ogivas nucleares existentes no mundo estavam disponíveis para um potencial uso. Cerca de 2.100 delas foram mantidas em “alerta operacional elevado” para serem usadas em mísseis balísticos.

A grande maioria das ogivas nucleares pertence à Rússia e aos Estados Unidos, países que possuem 90% das armas nucleares mundiais.

Pela primeira vez, o Sipri estima que a China possua “algumas ogivas nucleares em estado de alerta operacional elevado”, ou seja, prontas para uso imediato.

“Vivemos um dos períodos mais perigosos da história da humanidade”, alertou Dan Smith, diretor do Sipri. “São várias as fontes de instabilidade: rivalidades políticas, desigualdade económica, perturbações ecológicas e a aceleração da corrida às armas. Este é o momento de as grandes potências darem um passo atrás e refletirem, preferencialmente juntas."

A Rússia anunciou no ano passado a suspensão da sua participação no tratado Novo Start, “o último acordo de controlo que limita as armas nucleares estratégicas da Rússia e dos Estados Unidos”.

O Sipri destacou os exercícios com armas nucleares táticas feitos por Moscou no mês passado na fronteira com a Ucrânia.

Embora “o número total de ogivas nucleares diminua à medida que as armas da era da Guerra Fria são desmanteladas”, observa-se anualmente um aumento do “número de ogivas nucleares operacionais”, lamentou Smith, acrescentando que essa tendência deve acelerar nos próximos anos.