“Defendemos que o aumento de efetivos traria só por si mais qualidade e segurança aos trabalhadores e, acreditamos, que uma mudança de paradigma na operação traria uma verdadeira ‘paz social’”, disse a Comissão de Trabalhadores da Groundforce, num comunicado intitulado “Basta de agressões e ameaças!”, no qual exige ainda que o Conselho de Administração “comunique aos trabalhadores o que anda a fazer sobre esta matéria e que defina uma agenda concreta que transmita segurança”.
Segundo a Comissão de Trabalhadores (CT), desde que em julho do ano passado foi agredido um trabalhador no aeroporto de Lisboa que tem havido “aumento dos casos de violência dirigida pelos passageiros aos trabalhadores em contacto direto ou próximo ao público”.
A estrutura representativa dos trabalhadores da empresa de ‘handling’ (que presta assistência nos aeroportos) considera que este aumento de conflitos se deve a duas razões, ao “aumento exponencial de passageiros desadequado às infraestruturas aeroportuárias” e à transformação do mercado, com “privatização de companhias e empresas" e "diminuição e precarização da força de trabalho”.
A CT dá como exemplos de conflitualidade o ‘overbooking’ (venda de bilhetes acima da capacidade dos aviões, o que faz com que alguns passageiros não consigam viajar), redução de rotações de aviões e outras perdas de qualidade do serviço, e afirma que isto provoca não só a conflitos entre passageiros e trabalhadores do aeroporto, mas também entre passageiros e mesmo entre trabalhadores.
“A manutenção por parte do próprio Estado e das empresas que atuam no setor do número de trabalhadores contratados abaixo do necessário propiciou e muito o que nos está a acontecer”, afirma a CT, que diz que os problemas se verificam também noutras categorias profissionais.
“Os efetivos da PSP nos aeroportos mantêm-se sensivelmente os mesmos de há anos para cá, os APA (Assistentes de Portos e Aeroportos) prolongam diariamente e vêm trabalhar em folga para colmatar insuficiências de pessoal (e do seu salário), nos SEF, sucedem-se as greves devido ao mesmo problema de falta de pessoal”, referem.
A CT acrescenta que desde há um ano pede à administração da empresa que contacte a ANA - Aeroportos de Portugal (gerida pela Vinci) e as autoridades para que tomem “medidas informativas e dissuasoras, à semelhança do que acontece noutros países”, mas que esta apenas dá respostas vagas, defendendo que agora haja medidas efetivas.
O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) alertou na quinta-feira para sucessivas agressões a trabalhadores da Groundforce nas portas de embarque do aeroporto de Lisboa, referindo "mais de uma dezena de episódios" desde o início do ano.
À noite, a Groundforce Portugal confirmou à Lusa o aumento de agressões a colaboradores no aeroporto de Lisboa, garantindo que já se reuniu com a ANA, o regulador da aviação civil ANAC e PSP, no sentido de “procurar soluções para o problema”.
A administração da Groundforce referiu ainda que convocou todos os sindicatos da empresa para uma reunião na segunda-feira, com o objetivo de “somar esforços na busca de suporte junto dos vários poderes públicos para solucionar o problema”.
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