Os fuzileiros e comandos "têm sabido fazer a diferença no teatro operacional norte", referiu, num discurso oficial durante a entrega de equipamento para aquelas tropas pelo alto representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell.

"Por aquilo que é o esforço tático e operacional, nós temos avaliado [as tropas] positivamente. Pelos resultados", sublinhou.

"Desde as primeiras companhias formadas pela missão da cooperação militar portuguesa, seguida por esta missão da UE, os níveis operacionais que os nossos fuzileiros e comandos atingiram depois do treino superaram aquilo que eram as expetativas", acrescentou.

A missão de treino da UE funciona desde há um ano e vai durar mais outro para apoiar o treino de unidades de reação rápida das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, tendo já preparado 600 militares para combater em Cabo Delgado.

O equipamento hoje entregue a Moçambique na base militar da Katembe, margem sul de Maputo, é um contributo "inestimável" que vai "aumentar a capacidade de combate", num conflito que representa uma despesa muito elevada.

Sem adiantar estimativas sobre o custo de cada dia de combate em Cabo Delgado, Chume disse, no entanto, que a UE está a par "do esforço operacional".

"Não posso falar em números, mas guerra em qualquer parte do mundo é bastante cara", referiu.

Josep Borrell entregou hoje em Maputo a primeira tranche de equipamento militar não letal para tropas moçambicanas treinadas pela UE para combater em Cabo Delgado.

O apoio em material ascende a 89 milhões de euros, através do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz.

No discurso durante o evento, Chume referiu que a entrega representa "um contributo inestimável".

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano por forças do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas levando a uma nova onda de ataques noutras áreas, mais perto de Pemba, capital provincial, e na província vizinha de Nampula.

Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.