A decisão de convocar uma “ação industrial conjunta, incluindo o recurso à greve”, foi anunciada depois de uma reunião na sede do SNPVAC – Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, em Lisboa, com vários sindicatos europeus.

Em conferência de imprensa, a presidente do SNPVAC, Luciana Passo, informou que entre as condições colocadas à Ryanair, para resposta até 30 de junho, está a aplicação da “legislação nacional imperativa relativa a cada país nos respetivos contratos de trabalho e regulamentos internos da empresa”.

“A Ryanair deve iniciar negociações com os representantes nomeados por cada sindicato, sem colocar antecipadamente quaisquer restrições”, segundo a declaração conjunta dos sindicatos, que querem ainda a aplicação dos “mesmos termos e condições contratuais e legais” a todos os trabalhadores, incluindo os subcontratados.

Assim, se a Ryanair não cumprir as condições, os “sindicatos signatários [CNE/LBC, SITCPLA, SNPVAC, UILTRASPORTI e USO] comprometem-se a iniciar os procedimentos necessários para a convocação de uma ação industrial conjunta, incluindo o recurso à greve, a ter lugar durante o verão de 2018”.

Na primeira leitura do comunicado, a dirigente sindical indicou a possibilidade de uma greve europeia ocorrer “durante o mês de julho de 2018”.

Respondendo às questões, Luciana Passo sublinhou estar “nas mãos da Ryanair, que tem agora dois meses para decidir o que quer fazer” e os sindicatos terão depois o verão para falar entre si sobre “qual a melhor ação a tomar porque os problemas são iguais e as ações terão que ser iguais”.

“Estamos completamente abertos ao diálogo e a transformar aquilo que a Ryanair não quer que são as condições de trabalho dos tripulantes, que precisam e confiam nos sindicatos e são os sindicatos que os vão representar”, garantiu.

Presentes na reunião estiveram sindicatos italianos, espanhóis, holandeses, belgas e alemães.

Os tripulantes de cabine das bases de Portugal cumpriram no período da Páscoa três dias não consecutivos de greve.

O sindicato criticou a Ryanair por causa do recurso a trabalhadores de outras bases para minimizar o impacto da paralisação.

A polémica levou à atuação da Autoridade para as Condições de Trabalho, que esta tarde se reuniu com o sindicato.

Segundo o sindicato, a reunião com a ACT serviu apenas para esta entidade recolher informações.

Foram ainda aprovadas audições parlamentares sobre o caso.

O presidente executivo da Ryanair garantiu a 11 de abril à Lusa a legalidade das suas ações durante a greve e que os trabalhadores da transportadora aérea em Portugal preferem continuar com contratos sob a lei irlandesa, uma vez que ganham mais e têm mais dias de licença maternal.

“Os tripulantes são muito bem pagos. Ganham entre 30 a 40 mil euros por ano, o que é mais do que enfermeiros ou professores em Portugal e estamos muito agradecidos que poucos tenham apoiado a greve no fim de semana da Páscoa, e foi por isso que a greve teve tão pouco sucesso e cancelámos menos de 10% dos nossos voos”, notou Michael O’Leary à agência Lusa.