De acordo com Trump, estas novas sanções seguem-se a “uma série de comportamentos agressivos por parte do regime iraniano no decurso das últimas semanas, incluindo a destruição de um drone americano”.

“Vamos intensificar a pressão sobre o Irão”, afirmou Trump em declarações no sala oval da Casa Branca, assegurando que as sanções poderão permanecer em vigor “durante anos”.

“As sanções contidas neste decreto impedirão o Guia Supremo, a sua equipa e outros que lhe estão estritamente ligados e com acesso a recursos financeiros essenciais”, precisou.

“Os bens do ayatollah Khamenei e da sua equipa não serão poupados pelas sanções”, sublinhou ainda.

Pouco após as palavras de Trump, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, anunciava que os EUA também vão impor sanções ao ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, e congelar “milhares de dólares” de ativos iranianos suplementares.

“Vamos colocar Zarif” na lista de sanções “o mais tardar esta semana”, anunciou Mnuchin, para acrescentar que oito altos responsáveis dos Guardas da Revolução também foram sancionados.

Petróleo, petroquímica, transações financeiras, responsáveis políticos e militares são alguns dos alvos que os Estados Unidos pretendem atingir e dirigidos ao núcleo central da economia iraniana desde o restabelecimento das sanções em 2018, no âmbito de uma política de “pressão máxima” para conduzir Teerão à mesa das negociações sobre o acordo nuclear.

As medidas punitivas têm por objetivo impedir as trocas comerciais ou financeiras com o Irão. Desde a saída, há um ano, dos EUA do acordo nuclear concluído em 2015 em Viena, grande parte das empresas internacionais, confrontadas com a opção de manter os seus clientes iranianos ou o acesso ao mercado norte-americano, optaram, por abandonar o Irão.

Washington pretende que as exportações de petróleo iranianas “estejam o mais próximo possível do zero”, um objetivo que considera poder atingir ainda em 2019.

Segundo a agência Bloomberg, as exportações passaram de 1,5 milhões de barris por dia (bpd) em outubro de 2018 para 750.000 bpd em abril.

Em maio, Washington anulou as últimas restrições concedidas a oito países pela compra de petróleo iraniano. A Turquia e a Índia indicaram ter cessado todas as transações com Teerão.

Em junho, o Irão afirmou que continua a exportar o seu petróleo através de “vendas não oficiais ou não convencionais”. Em paralelo, a França, Reino Unido e Alemanha, signatárias do acordo de Viena, estabeleceram em janeiro um mecanismo de troca com o Irão para contornar as sanções.

Um outro setor-chave foi a petroquímica. Em 07 de junho, Washington sancionou a Persian Gulf Petrochemical Industries Company (PGPIC), empresa ligada aos Guardas da Revolução, o exército ideológico do regime, que com as suas filiais representa 40% da capacidade de produção petroquímica iraniana e 50% das exportações do setor.

Desde agosto de 2018 que os EUA também proíbem a compra de dólares pelo Governo iraniano, tornando o acesso à divisa norte-americana muito difícil para empresas e população.

As sanções também se aplicam às trocas entre os estabelecimentos financeiros estrangeiros e o Banco central iraniano ou outros bancos do país, que deixaram de ter acesso ao sistema financeiro norte-americano, para além de outras medidas (exclusão do circuito bancário internacional Swift), ou a proibição da troca de ouro e metais preciosos.

Em abril, os Guardas da Revolução foram colocados na lista negra norte-americana das “organizações terroristas estrangeiras”.

A força Qods foi também colocada nesta lista negra. Esta unidade de elite, responsável pelas operações no exterior, apoia das forças aliadas do Irão no Médio Oriente, onde se incluem as tropas do Presidente sírio Bashar al-Assad, o Hezbollah no Líbano, ou ainda as autoridades iraquianas na luta ‘anti-jihadista’.

Em janeiro, o Tesouro norte-americano tinha imposto sanções contra duas milícias apoiadas pelo Irão e que combatem na Síria: a divisão Fatemiyoun, composta por recrutas afegãos, e a brigada Zaynabiyoun, integrada por paquistaneses.

As sanções também se dirigem aos setores do ferro, aço, alumínio, cobre, carvão e grafite, e os setores automóvel e da aviação comercial também regressaram à lista, após uma tímida abertura na sequência do levantamento das sanções que se seguiram à assinatura do acordo nuclear de 2015.

A construção naval e os transportes marítimos também estão abrangidos pelo reforço das medidas retaliatórias de Washington, que também proibiu a importação de tapeçaria ou produtos alimentares provenientes do Irão.

A tensão entre os dois países agravou-se após os ataques, atribuídos por Washington a Teerão, contra dois petroleiros que navegavam no mar de Omã, perto do estreito de Ormuz, uma passagem marítima estratégica à escala mundial.

Já em maio, quando quatro navios, incluindo três petroleiros, foram sabotados ao largo dos Emirados Árabes Unidos, Washington apontou o dedo a Teerão, que igualmente desmentiu qualquer responsabilidade.

Em maio de 2018 Trump anunciou a retirada do acordo nuclear assinado três anos antes por diversas potências com o Irão, ao considerar que não permitia limitar o programa nuclear de Teerão.

Com o reforço das pesadas sanções económicas, Trump tenta convencer a República Islâmica a regressar à mesa das negociações, num gesto que não foi totalmente acompanhado pelos restantes países signatários do acordo nuclear – Rússia, Reino Unido, França, China e Alemanha.