Trump abandonou o Centro Médico Walter Reed por volta das 23:40h [18:40h em Washington], dirigindo-se para o helicóptero que o levou à Casa Branca.

Levantando várias vezes o punho cerrado e o polegar em sinal de força, o chefe de Estado ignorou as perguntas dos jornalistas que o questionaram sobre o número de pessoas atualmente infetadas na Casa Branca e sobre se se considerava um supertransmissor de covid-19.

O Marine One aterrou na Casa Branca pouco antes das 19 horas de segunda-feira (24 horas de Lisboa).

À chegada Donald Trump indicou que se sentia "muito bem" por estar de regresso à Casa Branca, tendo depois, subido para a varanda do Pórtico Sul, onde tirou a máscara, que enfiou no bolso, e levantou ambos os polegares em sinal de que estava bem.

Os médicos de Trump disseram que ele continuaria a sua recuperação da Casa Branca, onde será atendido 24 horas por dia, 7 dias por semana, por uma equipa de médicos e enfermeiros.

Ainda que, segundo o seu médico permaneça com infeção ativa, Trump afirmou, momentos antes de sair do hospital, que não será impedido de fazer campanha durante muito tempo, escrevendo numa publicação na rede social Twitter: "Voltarei em breve à campanha".

Donald Trump
Donald Trump epa08723107 US President Donald J. Trump gestures after returning to the White House, in Washington, DC, USA, 05 October 2020, following several days at Walter Reed National Military Medical Center for treatment for COVID-19. EPA/KEN CEDENO / POOL

A saída do Centro Médico Walter Reed  já tinha sido sugerida ontem pela equipa médica que tem acompanhado Trump, tendo hoje a mesma confirmado que Trump poderia regressar a casa.

Antes tinha-se já antecipado à conferência de imprensa da equipa médica e anunciado a sua saída do hospital ainda hoje.

"Sinto-me muito bem! Não tenham medo da Covid-19. Não deixem que ele domine as vossas vidas. ... Sinto-me melhor do que há 20 anos", escreveu.

Na conferência de imprensa, o médico da Casa Branca, Sean Conley, disse que o atual estado clínico e as avaliações feitas ao Presidente norte-americano permitiam que tivesse alta hospitalar e regressasse a casa.

“Embora [o Presidente] possa ainda não estar totalmente fora de perigo, a equipa e eu concordamos que todas as suas avaliações, e o mais importante, o seu estado clínico permitem o seu regresso a casa, onde estará rodeado de cuidados médicos de classe mundial 24 horas por dia, sete dias por semana", declarou.

"Estamos todos cautelosamente otimistas e vigilantes, porque nos encontramos num território desconhecido quando se trata de um paciente que recebeu as terapias tão cedo durante o curso da doença", acrescentou.

Trump foi medicado com dexametasona, medicamento geralmente associado a casos graves de covid-19, e fez dois tratamentos experimentais (o da empresa de biotecnologia Regeneron e o antiviral Remdesivir).

Além disso, Conley afirmou no domingo que ele recebeu oxigénio extra na última sexta-feira, algo que inicialmente não havia sido divulgado.

Na sexta-feira de madrugada, Trump anunciou na sua página pessoal no Twitter que, tal como a primeira-dama, Melania, tinha testado positivo ao novo coronavírus e que iria ficar em quarentena.

Horas depois, foi internado por medida de precaução no Hospital Militar Walter Reed.

O Presidente norte-americano tem 74 anos e é clinicamente obeso, o que o coloca em maior risco de complicações graves por causa do novo coronavírus que infetou, até à data, mais de 7 milhões pessoas e matou mais de 200 mil nos Estados Unidos.

Surto na Casa Branca?

Sair do hospital não quer dizer que Trump poderá voltar à rotina anterior de comícios pelo país. E a Casa Branca, onde o estado de saúde é verificado todas as 24 horas, está longe de ser um espaço protegido da pandemia.

Três dias após a hospitalização do presidente, a sua assessora de imprensa, Kayleigh McEnany, anunciou nesta segunda-feira que também foi contagiada pelo vírus, mas sem sintomas, após "testar negativo constantemente" desde quinta-feira, dia em que a infeção da assessora presidencial Hope Hicks disparou alertas.

McEnany, que é o caso covid-19 mais recente no círculo do presidente, disse que vai ficar em quarentena e continuar a trabalhar remotamente.

A lista de infeções com covid-19 na Casa Branca inclui a primeira-dama, Melania Trump, o gestor da campanha Trump 2020, Bill Stepien; a ex-conselheira do Trump, Kellyanne Conway; o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie; a chefe do Comité Nacional Republicano, Ronna McDaniel; e três senadores republicanos (Mike Lee de Utah, Thom Tillis da Carolina do Norte e Ron Johnson de Wisconsin), bem como o assessor pessoal de Trump, Nick Luna.

Moeda comemorativa "O presidente Donald J. Trump derrota a covid-19"

Trump, que antes de adoecer em foco por notícias que davam conta de que não teria pago o imposto de rendimentos, mostrou que continua em campanha mais do que nunca, com uma avalanche de tweets destacando o que considera os sucessos do seu governo.

Donald Trump disparou 15 mensagens em letras maiúsculas em 30 minutos através da sua conta de Twitter.

"MERCADOS FINANCEIROS EM ALTA. VOTEM!". "O EXÉRCITO MAIS FORTE. VOTEM!". "LEI E ORDEM. VOTEM!". "LIBERDADE RELIGIOSA. VOTEM!". "A MAIOR REDUÇÃO DE IMPOSTOS DA HISTÓRIA E OUTRA POR VIR. VOTEM!". "FORÇA DO ESPAÇO. VOTEM!". "LUTA CONTRA OS CORRUPTOS VEÍCULOS DAS FAKE NEWS. VOTEM!".

As mensagens foram publicadas um dia depois da rápida saída de carro que Trump fez para saudar os seguidores reunidos do lado de fora do hospital. O episódio causou indignação e polémica sobre os riscos para a sua saúde e a dos seus seguranças.

Um porta-voz da Casa Branca, Judd Deere, garantiu que foram tomadas as precauções "apropriadas" para proteger Trump e o pessoal de apoio.

O passeio foi anunciado pelo próprio presidente num vídeo divulgado pouco antes no Twitter, no qual afirmava ter aprendido "muito sobre covid".

Trump está "a lutar tanto quanto só o presidente Trump consegue", disse a porta-voz da campanha de reeleição Erin Perrine à Fox News.

Uma loja de presentes não oficial da Casa Branca anunciou nesta segunda-feira que colocará à venda uma moeda comemorativa com a inscrição "O presidente Donald J. Trump derrota a covid-19" por US$ 100.

Joe Biden na Flórida

A um mês das eleições de 3 de novembro, na reta final de uma campanha eleitoral tensa na qual aparece atrás do adversário democrata nas sondagens, Trump mostra-se está ansioso por voltar aos comícios.

O candidato democrata, Joe Biden, com oito pontos percentuais de vantagem sobre Trump, viajou nesta segunda-feira para a Flórida, estado crucial para a vitória eleitoral, após anunciar no domingo que o seu teste COVID-19 havia sido novamente negativo.

Biden criticou já duramente nesta segunda-feira Donald Trump por afirmar que não se deve ter "medo" do novo coronavírus, nem deixar que "domine" a vida das pessoas. "Que diga isso às 205.000 famílias que perderam alguém", afirmou Biden, que esteve com Trump num debate dias antes de o presidente anunciar ter sido diagnosticado com a covid-19.

No atual contexto, o interesse pelos vices de ambas as candidaturas cresceu, trazendo ao debate entre os candidatos à vice-presidência programados para quarta-feira entre o republicano Mike Pence e a senadora democrata Kamala Harris maior relevância.

* Com AFP