As autoridades “apelam à população para que abandone já estes territórios e estão a fazer tudo para que as retiradas ocorram de forma organizada”, disse a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Verechtchuk, citada pelo Ministério da Integração na rede Telegram.

O Governo de Kiev advertiu que as pessoas têm de sair “agora” sob pena de se arriscarem a “morrer” nos próximos dias.

Se o exército russo lançar um grande ataque na região, “não poderemos depois ajudar” os habitantes, avisou a representante, “porque será praticamente impossível parar os combates”.

“Temos de evacuar a região enquanto essa possibilidade existe. Para já, ainda existe”, insistiu Iryna Verechtchuk, que coordena a organização dos corredores humanitários desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

Os apelos surgiram também das autoridades locais da autoproclamada República Popular de Lugansk, que juntamente com Donetsk se situa no Donbass, pedindo à população que abandone a região “enquanto for seguro” e através de um dos nove corredores humanitários organizados para retirar civis.

“Apelo a todos os residentes do Oblast de Lugansk: saiam enquanto for seguro”, escreveu o governador da região, Serhiy Gaidai, na rede social Telegram.

A Rússia tem dito nos últimos dias que quer reposicionar as suas forças para centrar a sua ofensiva na “libertação” do Donbass, onde separatistas pró-russos lutam contra o exército ucraniano há oito anos.

Na terça-feira, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que os militares russos estavam a fortalecer-se para “assumir o controlo de toda a região do Donbass” e construir “uma ponte terrestre com a Crimeia”, anexada pela Rússia em 2014.

“É nesta região que a maioria das forças ucranianas estão concentradas”, indicou.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.563 civis, incluindo 130 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.